Arábia Saudita: “O pai e o irmão querem conversar com Rahaf, mas a ONU precisará aprovar tal conversa” (Polícia de Imigração da Tailândia/Reuters)
Reuters
Publicado em 8 de janeiro de 2019 às 10h27.
Última atualização em 8 de janeiro de 2019 às 10h34.
Bangcoc - O pai de uma jovem saudita de 18 anos em busca de asilo que fugiu para a Tailândia dizendo ter medo de ser assassinada pela própria família chegou a Bangcoc e deseja se encontrar com a filha, afirmou o chefe da imigração tailandesa nesta terça-feira.
Entretanto, o pai e o irmão de Rahaf Mohammed al-Qunun precisarão esperar para saber se a agência de refugiados da ONU permitirá que eles a encontrem, afirmou o chefe da imigração, Surachate Hakpan.
“O pai e o filho querem conversar com Rahaf, mas a ONU precisará aprovar tal conversa”, disse Surachate a repórteres.
A agência de refugiados da ONU disse nesta terça-feira estar investigando o caso de Rahaf, depois que ela fugiu para a Tailândia dizendo ter medo de ser assassinada pela família se fosse enviada de volta à Arábia Saudita.
Ativistas estão preocupados com o que a Arábia Saudita fará depois que autoridades tailandesas reverteram a decisão de expulsar Rahaf e permitiram que a jovem entrasse no país sob cuidado do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).
“Agora, o pai está aqui na Tailândia e isso é uma fonte de preocupação”, disse à Reuters o vice-diretor da organização Human Rights Watch na Ásia, Phil Robertson.
“Nós não temos a menor ideia do que ele vai fazer... se ele vai tentar descobrir onde ela está e intimidá-la. Nós não sabemos se ele vai tentar fazer com que a embaixada faça isso”.
Parlamentares e ativistas australianos e britânicos pediram que seus governos concedam asilo à Rahaf, que foi finalmente autorizada a entrar na Tailândia na noite de segunda-feira, após aproximadamente 48 horas presa no aeroporto internacional de Bangcoc, sob ameaça de ser expulsa do país.
Rahaf está hospedada em um hotel em Bangcoc, enquanto o Acnur processa seu pedido de status de refugiada, antes que possa buscar asilo em um terceiro país.
Funcionários do Acnur estão entrevistando a saudita nesta terça-feira, após terem a conhecido no dia anterior.
“Pode demorar diversos dias para processar o caso e determinar os próximos passos”, disse em comunicado o representante do Acnur na Tailândia, Giuseppe de Vincentiis.
“Estamos muito gratos que autoridades tailandesas não enviaram (Rahaf) de volta contra sua vontade e estão estendendo proteção a ela”, disse.
O caso tem chamado atenção global para as rígidas normas sociais da Arábia Saudita, incluindo a exigência de que mulheres tenham a permissão de um “guardião” homem para poder viajar, o que grupos de direitos humanos dizem poder manter mulheres e meninas como prisioneiras de famílias abusivas.
O caso acontece em um momento em que Riad está enfrentando incomum vigilância por parte de aliados do Ocidente, devido ao assassinato do jornalista Jamal Khashoggi no consulado saudita em Istambul em outubro e devido às consequências humanitárias da guerra do Iêmen