Donald Trump: líderes republicanos e o próprio Trump terão de ter muita habilidade política para aprovar a proposta de reforma tributária (Jim Lo Scalzo/Pool/Reuters)
Agência Brasil
Publicado em 27 de março de 2017 às 15h04.
Depois da tentativa frustrada de aprovar uma lei de saúde para substituir o Obamacare, o presidente Donald Trump decidiu enviar esta semana ao Congresso um projeto de reforma tributária.
Para votar uma proposta, a liderança republicana e o próprio Trump terão de ter muita habilidade política, já que mudanças na lei tributária não são apreciadas desde 1986.
Em uma reunião após o cancelamento da votação para extinguir o Obamacare, Trump adiantou que quer "começar a reforma tributária", com cortes em "grandes impostos". A medida divide opiniões tanto na base do partido Republicano como na do Democrata.
Mas além da complexidade do tema, o governo enfrentaria também o calendário. As regras do Congresso definem que, para entrar em vigor para o próximo ano, a matéria teria de ser apreciada junho.
O líder dos republicanos na Câmara dos Representantes (a Câmara dos Deputados), Paul Ryan, avaliou em uma conversa com jornalistas que o prazo é "muito apertado", mas mesmo assim disse que votar a reforma "não é uma tarefa impossível".
A imprensa norte-americana avaliou o risco de novos empecilhos causados pelos 30 deputados republicanos dissidentes, que impediram que o projeto para substituir o Obamacare avançasse.
O grupo ultraconservador chamado Freedom House Caucus (em português, Convenção da Liberdade), no entanto, é favorável a mudanças tributárias e cortes de impostos. A medida também é aceita por parte dos parlamentares democratas.
Com um tema não votado há 31 anos e defensores e opositores dentro das duas bancadas, o governo Trump terá de mostrar habilidade política para conseguir maioria, o que não aconteceu na votação de substituto do programa de saúde conhecido como Obamacare.
Na quinta-feira passada (23), dia em que era esperada a votação da proposta, a liderença suspendeu a votação quando viu que não iria conseguir os 216 votos necessários para aprovar a matéria, mesmo tendo 237 representantes.
No dia seguinte (24), Trump mandou um recado e disse que a votação deveria acontecer de qualquer maneira, mesmo que perdesse. Mas na última hora o próprio governo recuou e o líder republicano Paul Ryan cancelou a votação. O grupo de deputados republicanos não cedeu, mesmo após o ultimato de Trump.