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Após áudio inesperado do Papa, fiéis não se convencem do estado de saúde do pontífice

Na quinta-feira, o Vaticano surpreendeu a todos os católicos na Praça de São Pedro ao transmitir uma curta mensagem do jesuíta argentino

Papa Francisco, pontífice é o líder da Igreja Católica (Andreas SOLARO/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 7 de março de 2025 às 10h28.

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A inesperada mensagem de áudio do papa Francisco, hospitalizado há três semanas por causa de problemas respiratórios, segue causando surpresa e alívio entre os católicos em Roma nesta sexta-feira, 7, mas não aliviou as preocupações sobre seu estado de saúde.

"Ele tinha dificuldades para falar, mas agora precisamos de suas mensagens. Tudo o que podemos fazer é desejar a ele uma rápida recuperação", disse Paola Freda, uma educadora italiana, do lado de fora do hospital Gemelli, em Roma, onde ele está hospitalizado desde 14 de fevereiro.

Na quinta-feira, enquanto centenas de fiéis se preparavam para rezar o Rosário na Praça de São Pedro pela saúde do pontífice de 88 anos pela 11ª noite consecutiva, o Vaticano surpreendeu a todos ao transmitir uma curta mensagem do jesuíta argentino.

"Agradeço de todo o coração pelas orações que vocês estão fazendo pela minha saúde na praça. Estou com vocês daqui. Que Deus os abençoe e que a Virgem cuide de vocês. Obrigado", disse Francisco em espanhol, com a voz cansada e a respiração falha.

Presente na praça, a espanhola María Val, de 49 anos, expressou sua "emoção".

"É impressionante porque vemos que ele está cansado e está falando espanhol. Dada a idade dele e suas patologias, é normal pensar que ele pode estar no fim dos seus dias", acrescentou.

O líder espiritual de 1,4 bilhão de católicos ao redor do mundo "solicitou ele mesmo" para gravar a mensagem na quinta-feira, para expressar sua gratidão pelas orações que recebeu desde sua hospitalização, disse uma fonte do Vaticano nesta sexta-feira.

A decisão do pontífice de usar sua língua materna, em vez do italiano que ele costuma usar, também levantou questões sobre sua saúde, mas, de acordo com a fonte do Vaticano, ele queria atingir "um público mais amplo".

"Noite tranquila"

Ao longo dos 22 dias de internação, a saúde de Jorge Bergoglio passou por altos e baixos. No entanto, desde sua última crise respiratória na segunda-feira, ele não teve mais recaídas e sua condição permanece "estável", de acordo com o boletim médico divulgado na quinta-feira.

O primeiro papa latino-americano "passou uma noite tranquila", disse o Vaticano em um breve comunicado nesta sexta-feira. Embora seu prognóstico permaneça "reservado", a Santa Sé não fornecerá o relatório médico habitual esta noite, por causa de sua estabilidade.

No 10º andar do hospital Gemelli, o pontífice alterna descanso com orações e um pouco de trabalho. À noite, respira com a ajuda de uma máscara de oxigênio, que ele troca por cânulas nasais de alto fluxo durante o dia.

Os médicos ainda não comentaram por quanto tempo ele ficará internado ou quanto tempo sua convalescença poderá durar.

A hospitalização, a quarta e mais longa desde 2021, levanta preocupações sobre problemas anteriores que enfraqueceram sua saúde nos últimos anos: operações no cólon e no abdômen e dificuldades para caminhar.

A situação também levantou questões sobre sua capacidade de desempenhar as funções de pontífice, principalmente porque o direito canônico não prevê nenhuma disposição em caso de algum problema grave que possa afetar sua lucidez.

Francisco, que recentemente descartou a ideia de renunciar, como fez seu antecessor Bento XVI em 2013, não aparece em público desde 14 de fevereiro, nem nenhuma imagem sua foi divulgada.

Durante sua hospitalização em 2021, ele apareceu na sacada da clínica para a tradicional mensagem dominical do Angelus. Desta vez, ele esteve ausente nas últimas três semanas e não se sabe se reaparecerá no próximo domingo.

Em um Vaticano sem o "Santo Padre" em pleno Jubileu, os fiéis não hesitam em ir ao norte da capital italiana até as portas do hospital Gemelli para rezar por sua saúde aos pés da estátua de João Paulo II, mas este não é o único lugar onde rezam.

"Mesmo no silêncio de suas celas ou nas celebrações realizadas pelos capelães, as orações [dos presos] são sempre para o papa", disse Raffaele Grimaldi, inspetor-geral dos capelães dos presídios italianos, nesta sexta-feira.

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