Kim Jong-un: o dirigente norte-coreano poderia utilizar o evento para destacar seu papel de líder e reivindicar conquistas nas áreas nuclear e balística (KCNA/Reuters)
Da Redação
Publicado em 27 de abril de 2016 às 08h35.
A Coreia do Norte anunciou oficialmente nesta quarta-feira o início em 6 de maio de um congresso do partido único que governa o país, o primeiro em quase 40 anos, e muitos analisas temem que seja precedido por um quinto teste nuclear.
O congresso do Partido dos Trabalhadores da Coreia, que se reuniu pela última vez em 1980, era muito esperado desde que o Norte anunciou a intenção de convocá-lo no fim do ano passado.
O dirigente norte-coreano, Kim Jong-un, poderia utilizar o evento para tentar destacar seu papel de líder supremo e reivindicar as conquistas do país nas áreas nuclear e balística.
Apesar de nenhum detalhe sobre o congresso ter sido divulgado, o evento será acompanhado para detectar possíveis mudanças de linha política ou reajustes na elite que governa o Estado que muitos analistas consideram totalitário.
Até o anúncio do Comitê Central nesta quarta-feira, a data do congresso era secreta.
Em um comunicado publicado pela agência norte-coreana KCNA, o Politburo afirma que o próximo congresso, o sétimo do partido em sua história, começará na sexta-feira 6 de maio. A duração, no entanto, não foi revelada.
O congresso de 1980 durou quatro dias. Para este ano, o ministério sul-coreano da Unificação, responsável pela relação entre os dois países, prevê quatro ou cinco dias.
Novo teste nuclear?
O anúncio do congresso disparou as especulações sobre um quinto teste nuclear antes do evento, no que seria uma demonstração de força e orgulho nacional.
A presidente sul-coreana, Park Geun-hye, anunciou na terça-feira que o Norte "concluiu os preparativos" para um novo teste e pode executá-lo a qualquer momento.
Um novo teste seria um passo espetacular de provocação norte-coreana, após as duras sanções da comunidade internacional a Pyongyang depois do teste nuclear de 6 de janeiro.
Park advertiu que a comunidade internacional vai agir de maneira rápida e rigorosa, com a possibilidade de sanções ainda mais severas.
Nos últimos meses, a Coreia do Norte reivindicou uma série de avanços técnicos naquilo que parece ser o objetivo final de seu programa nuclear: operar um míssil balístico intercontinental (ICBM) capaz de alcançar o continente americano.
Pyongyang citou a miniaturização com sucesso de uma carga nuclear para transportá-la em um míssil, o teste de uma ogiva nuclear que pode suportar o retorno à atmosfera após um voo balístico e a construção de um motor de propelente sólido.
No dia 15 de abril, a Coreia do Norte executou uma tentativa frustrada de lançamento de um míssil de médico alcance chamado Musudan. A agência sul-coreana Yonhap afirma que Pyongyang pretende repetir o teste em breve.
O Musudan teria alcance de entre 2.500 e 4.000 quilômetros, o que significaria a capacidade de atingir a Coreia do Sul e o Japão, assim como a ilha americana de Guam, no Pacífico, onde há uma base militar.
Até o momento nenhum teste de voo do míssil teve sucesso. O disparo de 15 de abril foi um fracasso "catastrófico", segundo o Pentágono, porque aparentemente o motor explodiu poucos segundos depois.
As resoluções da ONU proíbem que a Coreia do Norte desenvolva qualquer tipo de programa nuclear ou balístico.
O país executou quatro testes nucleares, em 2006, 2009, 2013 e 6 de janeiro deste ano.