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Após 4 mortes na Nova Caledônia, França proíbe Tik Tok e aciona militares

Protestos começaram na segunda-feira, quando a Assembleia Nacional, a Câmara dos Deputados francesa, começou a debater em Paris uma reforma do censo eleitoral

Estado de emergência: Após 4 mortes na Nova Caledônia, França proíbe Tik Tok e aciona militares  (AFP)

Estado de emergência: Após 4 mortes na Nova Caledônia, França proíbe Tik Tok e aciona militares (AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 15 de maio de 2024 às 17h48.

Paris declarou estado de emergência, nesta quarta-feira, no território francês da Nova Caledônia, onde tumultos contra uma reforma do censo eleitoral deixaram quatro mortos, incluindo um gendarme, e centenas de feridos. O primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, também proibiu a rede social Tik Tok e acionou militares para garantir a segurança dos portos e aeroportos.

"Soldados das forças armadas foram destacados para proteger os portos e o aeroporto da Nova Caledónia”", disse Attal no início de uma reunião de crise em Paris. O alto comissário do território, Louis Le Franc, que pediu tropas, “anunciou um toque de recolher e proibiu o TikTok”, disse Attal.

Os protestos começaram na segunda-feira, quando a Assembleia Nacional, a Câmara dos Deputados francesa, começou a debater em Paris uma reforma do censo eleitoral, aprovada na madrugada desta quarta-feira. O Senado já havia aprovado a mudança.

Centenas de pessoas ficaram feridas, incluindo vários policiais e agentes das forças de segurança, afirmou o ministro do Interior da França, Gérald Darmanin.

Atualmente, apenas os eleitores registrados em 1998 e seus descendentes podem participar nas eleições provinciais do arquipélago de 270.000 habitantes. Os independentistas nativos consideram que a ampliação do censo deve marginalizar ainda mais o povo Kanak nas instituições provinciais, que têm amplas atribuições transferidas por Paris.

Após a primeira noite de graves distúrbios, com incêndios, saques e tiros contra a polícia, as autoridades do território decretaram um toque de recolher, proibiram reuniões públicas e fecharam escolas e o principal aeroporto.

Porém, "os graves problemas de ordem pública prosseguem, com incêndios e saques de estabelecimentos comerciais, infraestruturas e estabelecimentos públicos, incluindo várias escolas", admitiu nesta quarta-feira o Alto Comissário.

— Imagine o que aconteceria se as milícias começassem a atirar contra pessoas armadas — disse Le Franc, que citou uma situação "insurrecional" no arquipélago.

O representante do Estado francês anunciou um balanço de 140 detenções na região de Noumea, a cidade mais importante do território.

Macron pede calma

Os protestos não impediram o avanço do processo parlamentar em Paris, mas, por tratar-se de uma reforma constitucional, a medida também deve ser submetida à votação conjunta das duas câmaras e obter mais de 60% de apoio para ser aprovada em definitivo.

O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou que convocará esta sessão "antes do final de junho", exceto se os independentistas da Nova Caledônia e os partidários da permanência em França aprovarem uma reforma alternativa.

Em uma carta, Macron condenou o "caráter indigno e inaceitável" dos distúrbios. Também pediu aos representantes locais que condenem a violência sem ambiguidade e façam um apelo por calma.

A oposição de direita pediu ao governo que decrete estado de emergência.

Localizado 1.200 quilômetros ao leste da costa da Austrália, este arquipélago é um dos muitos territórios que a França têm no Pacífico, no Oceano Índico ou no Caribe.

Graças ao acordo de Noumea de 1998, Paris delegou mais poder político à Nova Caledônia e já permitiu a organização de três referendos, todos com derrotas para a proposta de independência.

Os nativos kanak boicotaram o último referendo, em 2021, por ter sido convocado durante a pandemia de covid.

O acordo de Noumea também congelou o censo para as eleições provinciais no território, nas quais não podem votar quase 20% dos eleitores.

Por considerar o dispositivo "absurdo" e contrário aos princípios democráticos, o governo francês propôs uma reforma constitucional para incluir as pessoas estabelecidas na Nova Caledônia há pelo menos 10 anos.

Os independentistas kanak temem que a ampliação beneficie os partidos próximos ao governo de Paris e reduza sua influência.

O líder do partido pró-independência, Daniel Gao, condenou os saques e pediu aos jovens que retornem para casa.

Mas ele fez um alerta: "Os distúrbios das últimas 24 horas mostram a determinação dos nossos jovens de não permitir que a França os controle".

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