Edgar Zambrano: vice-presidente do Parlamento é libertado após acordo na Venezuela (Pedro Mattey/Getty Images)
Reuters
Publicado em 18 de setembro de 2019 às 10h44.
Caracas — Um tribunal de Caracas ordenou a libertação do vice-presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Edgar Zambrano, após passar quatro meses detido em um quartel militar, mas o tribunal manteve a decisão que proíbe o político de sair do país.
Zambrano foi acusado de traição quando foi preso em maio por funcionários do serviço de inteligência, dias depois de uma mobilização da oposição pedindo aos militares que se rebelassem contra o presidente Nicolás Maduro.
A repentina saída de Zambrano da prisão ocorreu poucas horas após o governo concordar em iniciar um diálogo com uma minoria de partidos da oposição, em paralelo a conversas com a coalizão opositora liderada pelo chefe da Assembleia, Juan Guaidó, que eram mediadas pela Noruega até poucas semanas atrás.
"Você precisa fazer um esforço significativo para conseguir a libertação de todos os presos políticos e evitar o abuso de poder", disse Zambrano logo após chegar em casa durante a noite, após ser autorizado a deixar a unidade militar de Fuerte Tiuna, onde fora mantido por 129 dias.
"Nos primeiros 60 dias, não saímos da cela. Ali estivemos, praticamente em cativeiro, como os animais, sem falar, sem poder ler, sem nenhum elemento que protegesse a dignidade de nossos direitos humanos", contou Zambrano sobre os dias em uma prisão na qual, inclusive, aderiu a uma greve de fome por pouco mais de uma semana.
O deputado compartilhou brevemente os corredores do quartel com dois generais dissidentes dos governos Chávez e Maduro, Raúl Baduel e Miguel Rodríguez, que permanecem na prisão, junto a outra pessoa cujo nome se desconhece.
Além de Zambrano, outros 12 parlamentares foram indiciados pelos tribunais de conspiração em maio e junho, alguns dos quais deixaram o país ou estão protegidos em embaixadas.
"A libertação de Zambrano e dos presos políticos é uma vitória da pressão popular, internacional e do relatório de Bachelet, não uma 'gentileza' da ditadura", tuitou Guaidó, que se autoproclamou presidente interino ao argumentar que Maduro foi reeleito a partir de fraudes eleitorais em maio de 2018.
Um comunicado do tribunal sinaliza que o deputado opositor está proibido de deixa o país e deve se apresentar a cada 30 dias perante a corte. O dirigente prometeu que voltará ao Parlamento na próxima semana e, no sábado, iniciará caminhadas por todo o país com intuito de orar e pedir pela libertação de outros políticos.