Escultura da Grande Mão: taxa de homicídios na América Latina é a mais alta do mundo, com uma média de 22,2 assassinatos por cada 100 mil habitantes, muito acima da média mundial de 6,9 (Antonio Milena / Veja)
Da Redação
Publicado em 20 de março de 2013 às 19h27.
Nações Unidas - Os problemas de insegurança na América Latina, região com a maior taxa de homicídios do planeta, não impedem que seus cidadãos sejam os mais felizes do mundo, uma aparente "contradição" que se explica pelos enormes progressos que a região alcançou na última década.
Assim afirmou nesta quarta-feira em entrevista à Agência Efe o subsecretário-geral da ONU, Heraldo Muñoz, que, no primeiro Dia Internacional da Felicidade, lembrou que "58 milhões de latino-americanos deixaram de ser pobres nos últimos dez anos, saíram antes da crise, e já não há ditaduras e a democracia se estende".
O diplomata chileno assegurou que os latino-americanos se sentem agora mais felizes que em outros tempos porque na última década conseguiram progredir de forma "significativa" nos principais indicadores de desenvolvimento: hoje vivem "muito mais" que há dez anos, têm maiores receitas e estão melhor educados.
A taxa de homicídios na América Latina é a mais alta do mundo, com uma média de 22,2 assassinatos por cada 100 mil habitantes, muito acima da média mundial de 6,9, mas ao mesmo tempo a região foi capaz de seguir afiançando nos últimos anos seus padrões de desenvolvimento humano.
"Pode parecer uma contradição, os cidadãos mais felizes do mundo e ao mesmo tempo os que mais medo têm da insegurança e da violência, mas se trata do resultado de uma década de avanços significativos em todos os âmbitos", detalhou o também diretor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) para a América Latina e o Caribe.
No entanto, Muñoz advertiu que os progressos obtidos "não são suficientes nem harmônicos", motivo pelo qual os maiores desafios pendentes da América Latina continuam sendo combater as enormes desigualdades e frear a insegurança cidadã.
Em mensagem por ocasião do Dia Internacional da Felicidade, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse hoje que as pessoas aspiram a uma "vida feliz e gratificante, livre de medo e privações, em harmonia com a natureza", mas ao mesmo tempo "muitos" vivem em pobreza extrema, e muitos enfrentam ameaças da crise, da violência e do crime.
Segundo relatório encomendado no ano passado pela ONU, que compara diferentes enquetes e estatísticas, inclusive uma recopilação de dados do Instituto Gallup entre 2005 e 2011, os países mais felizes do mundo são Dinamarca, Finlândia e Noruega, enquanto República Centro-Africana, Benin e Togo estão no fim do ranking.
O Brasil aparece na 25ª posição da lista de um total de 155 nações. Na América Latina, o país está atrás de Costa Rica (12ª), Venezuela (19ª), Panamá (21º) e México (24º).
No entanto, os brasileiros são mais felizes que os moradores de Porto Rico (27º), Guatemala (37ª), Argentina (39ª), Colômbia (41ª), Chile (43º), El Salvador (48º), Uruguai (50º), Bolívia (57ª), Honduras (63º), Equador (66º), Cuba (69ª), Paraguai (70º), Peru (77º), Nicarágua (89ª), República Dominicana (93ª) e Haiti (149º).
A Assembleia Geral da ONU proclamou 20 de março como Dia Internacional da Felicidade, reconhecendo a relevância de felicidade e do bem-estar como metas universais e aspirações na vida das pessoas em todo o mundo, bem como a importância do seu reconhecimento nas políticas públicas.
Um ano antes, a ONU já havia realizado uma reunião de alto nível sobre o tema "Felicidade e Bem-Estar: Definindo um Novo Paradigma Econômico" por iniciativa do Butão, país asiático que reconheceu a supremacia da felicidade nacional sobre a renda nacional desde o início dos anos 1970 e adotou a já famosa meta da "Felicidade Nacional Bruta", acima do Produto Interno Bruto (PIB).