EI: segunda cidade do Iraque, Mossul é o último grande reduto do EI no país (Muhammad Hamed/Reuters)
AFP
Publicado em 24 de fevereiro de 2017 às 13h34.
Forças de elite iraquianas entraram nesta sexta-feira em um bairro da zona oeste de Mossul pela primeira vez desde o início, há quatro meses, de uma ofensiva para retomar a cidade do grupo Estado Islâmico (EI).
Também nesta sexta, a força aérea iraquiana bombardeou posições do EI na vizinha Síria, segundo anunciou o primeiro-ministro Haider al-Abadi, que informou que os alvos tinham relação com os recentes atentados de Bagdá.
Responsável por atrocidades e atentados sangrentos nos países árabes e ocidentais, o grupo ultrarradical sunita é alvo de ofensivas no Iraque e na Síria.
Mas apesar das derrotas registradas nos últimos meses nesses países, o EI continua sendo capaz de cometer atentados.
Na Síria, 42 pessoas morreram em um atentado suicida perto de Al-Bab, seu último grande reduto na província de Aleppo, que os grupos rebeldes apoiados pela Turquia afirmam ter tomado. Na entrada de Al-Bab, dois soldados turcos morreram em um outro ataque suicida. E, no Iraque, 15 guardas de fronteira morreram em um atentado perto da fronteira com a Jordânia.
Esses três ataques ainda não foram reivindicados, mas têm todas as marcas do EI, segundo especialistas.
Segunda cidade do Iraque, Mossul é o último grande reduto do EI no país. As forças pró-governo procuram recuperar a cidade por meio de uma grande ofensiva lançada em 17 de outubro de 2016 com o apoio crucial da aviação da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos.
Quase um mês após a retomada da zona leste de Mossul, em 24 de janeiro, milhares de homens da Força de Reação Rápida (QRF), unidades de elite de combate ao terrorismo (CTS) e da polícia federal participam desde domingo no ataque para recuperar o setor oeste da cidade.
Nesta sexta-feira, as forças iraquianas entraram nesta zona pela primeira vez desde o início da ofensiva, um avanço facilitado pela reconquista do aeroporto em desuso de Mossul e de uma base militar próxima.
"Posso confirmar que o aeroporto está totalmente liberado", declarou o general Abas al-Juburi, comandante da Força de Intervenção Rápida (FIR) do ministério do Interior, que comandou a operação.
Sami al-Aridhi, tenente das unidades de elite antiterroristas, afirmou que os militares assumiram o controle de uma base militar e de uma localidade ao sudoeste de Mossul e entraram em um bairro residencial.
"Atacamos e retomamos o controle total da base de Ghazlani, assim como de Tal al-Rayan, e estamos atacando o bairro de Al-Maamun", declarou.
Foi durante uma operação em junho de 2014 que o EI tomou Mossul e outras partes do país antes de proclamar um "califado" nos territórios ocupados no Iraque e na Síria. Foi também em Mossul que o chefe do EI, Abu Bakr al-Baghdadi, fez sua única aparição pública no mesmo ano.
Tiros de artilharia e bombardeios eram ouvidos na cidade, enquanto os aviões realizavam incursões, de acordo com correspondentes da AFP. Além da aviação da coalizão, conselheiros militares americanos estão presentes na linha de frente.
Sobre os ataques na Síria, o primeiro-ministro iraquiano Haider al-Abadi ordenou "ao comando da força aérea que bombardeasse posições dos terroristas do Daesh (nos setores) de Huseibeh e Bukamal, em território sírio", segundo um comunicado, usando um acrônimo em árabe do EI.
A operação foi "um sucesso", declarou antes de acrescentar, sem dar mais detalhes, que os alvos tinham relação com os recentes atentados de Bagdá.
Segundo o comando iraquiano de operações conjuntas, os bombardeios foram realizados nesta sexta-feira.
A localidade de Bukamal está situada na província de Deir Ezzor, controlada majoritariamente pelo EI, a 7 km da fronteira iraquiana, enquanto Huseibeh se encontra entre Iraque e Síria.
Segundo um responsável de segurança que pediu o anonimato, é a primeira vez que a aviação iraquiana bombardeia alvos do EI na Síria.