Venezuela: apagão afetou transporte público, comércios e outros setores do país (Manaure Quintero/Reuters)
Da Redação
Publicado em 8 de março de 2019 às 06h30.
Última atualização em 8 de março de 2019 às 06h45.
Um catastrófico cenário de indefinição política e caos social permanece fazendo parte do dia-a-dia do povo venezuelano. Desde que o líder da Assembleia Nacional Juan Guaidó se autoproclamou presidente interino do país, em 25 de janeiro, forças de ambos os lados movem suas peças na tentativa de mostrar quem pode mais. De volta à Venezuela após um circuito de visitas a nações latino-americanas, incluindo o Brasil, Guaidó, que está no país desde segunda-feira, convocou novos protestos para o sábado. Em resposta, Maduro também articulou seus apoiadores para mais uma série de manifestações que devem marcar o final de semana no país.
É um dia para mostrar o grau de apoio popular de chavistas e de opositores, e que pode voltar a descambar para a violência do estado. Somente em janeiro deste ano, segundo números da Organização das Nações Unidas, pelo menos 40 pessoas foram mortas em manifestações semelhantes.
Os antagonistas são conhecidos. De um lado, o chavista Nicolás Maduro. Eleito sob um processo eleitoral altamente questionado, o presidente venezuelano demonstra não ter interesse algum em abandonar seu cargo. É ele quem, de fato, permanece no controle da Venezuela, administrando o país com apoio das forças armadas e sendo pressionado interna e externamente para renunciar.
No outro fronte, Juan Guaidó. Líder da Assembleia Nacional Venezuelana e inimigo político número um de Maduro, o oposicionista conta com o apoio de inúmeros países ao redor do mundo e se autointitulou presidente interino da Venezuela. Internamente, além da força das ruas, ele tem buscado recentemente apoio de sindicatos insatisfeitos com a perseguição política e com a falência do estado venezuelano.
Em mais um episódio da crise, 22 dos 24 estados venezuelanos passaram a noite de quinta-feira e a madrugada desta sexta sem luz, num apagão que afetou também o estado brasileiro de Roraima. No Twitter, Guaidó afirmou “temos água, petróleo e gás, mas lamentavelmente temos um usurpador em Miraflores [o palácio presidencial]”. Sua esperança é que a paciência dos trabalhadores venezuelanos e, principalmente, a das forças armadas, esteja perto do fim.