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Ao menos 24 pessoas morreram em protestos contra reeleição de Nicolás Maduro na Venezuela

Dados são da ONG venezuelana Provea e Human Rights Watch

Opositores do presidente venezuelano Nicolás Maduro participam de uma manifestação convocada pela líder da oposição Maria Corina Machado sobre os resultados contestados da eleição presidencial, em Caracas, em 3 de agosto de 2024 (Yuri Cortez/AFP)

Opositores do presidente venezuelano Nicolás Maduro participam de uma manifestação convocada pela líder da oposição Maria Corina Machado sobre os resultados contestados da eleição presidencial, em Caracas, em 3 de agosto de 2024 (Yuri Cortez/AFP)

Publicado em 7 de agosto de 2024 às 07h04.

Última atualização em 7 de agosto de 2024 às 07h13.

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Ao menos 24 pessoas morreram na Venezuela nos protestos que estão acontecendo desde a segunda-feira, 29 de julho, contra o resultado divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que oficializou a reeleição de Nicolás Maduro para um terceiro mandato com duração de seis anos após a eleição do  dia anterior, 28 de julho.

"Os registros da Provea mostram que 24 pessoas morreram entre domingo, 28 de julho, e segunda-feira, 5 de agosto, em eventos e protestos relacionados às eleições de 28 de julho", informou a organização no relatório publicado em seu site.

A organização afirmou que a Diretoria de Ações Estratégicas e Táticas (DAET) da Polícia Nacional Bolivariana (PNB) foi implicada em pelo menos dois casos de "assassinatos" de manifestantes, além de outras vítimas pelas mãos de civis armados.

O balanço coincide com um relatório anterior fornecido pela diretora da Divisão das Américas da Human Rights Watch, Juanita Goebertus.

A ONG disse que a participação destes grupos em "coordenação aberta com agentes das forças de segurança na repressão de manifestações, ataques a seções eleitorais no dia da eleição e atos de ameaças e assédio contra oponentes" foi "amplamente documentada".

"A maioria dos protestos registrados ocorreu em bairros e regiões populares de Caracas e de outras cidades do país", acrescentou.

Em vista da situação, a Provea alertou sobre uma escalada, nos próximos dias, de atos de represália e "punições exemplares" contra os habitantes destes setores ou funcionários públicos. A ONG também disse que já começou a receber denúncias de atos de assédio, demissões e rebaixamento de cargos de pessoas empregadas por instituições estatais.

"Negar às pessoas o direito humano à democracia, à verdade eleitoral e reprimir aqueles que exigem estes princípios básicos é um crime contra os direitos humanos", acrescentou.

Na segunda-feira, 5, a ONG Foro Penal informou que pelo menos 91 adolescentes, do total de 1.010 capturados, foram detidos no país no contexto das manifestações contrarias ao regime madurista.

Enquanto organizações independentes apresentam esses dados, Maduro relata duas mortes de militares, sem mencionar vítimas civis. Também afirma que há mais de 2.200 pessoas detidas, a quem chama de "terroristas" e que vincula a um plano para derrubá-lo.

Manifestantes nas ruas

Os protestos que tomam conta da capital Caracas e outras cidades da Venezuela começaram horas depois do primeiro boletim divulgado pelo CNE. De acordo com a imprensa internacional, essas manifestações também estão acontecendo em bairros da periferia da capital federal conhecidos por serem historicamente chavistas.

Horas após o primeiro boletim, eclodiram manifestações em Caracas e em outras cidades do país, incluindo bairros pobres que historicamente se identificavam como chavistas.

Na quinta-feira, 1º de agosto, Maduro disse estar preparando as prisões de segurança máxima de  Tocorón e Tocuyito para encarcerar os manifestantes. 

Nesta terça-feira, 6, o chanceler colombiano, Luis Gilberto Murillo, rejeitou "qualquer ato que leve ao aumento da violência ou que gere repressão" e instou "a que haja muita cautela, muita prudência, para evitar que surjam focos de violência".

Brasil, Colômbia e México estão promovendo um acordo político na Venezuela visando superar a crise.

Maduro avança contra opositores

Enquanto manifestantes favoráveis a oposição de María Corina Machado e Edmundo Gonzáles Urrutia saem às ruas, Nicolás Maduro também convocou a população que defende seu governo para ocupar as vias públicas das principais cidades do país.

Ambos os lados seguem fazendo declarações públicas a respeito da instabilidade que tomou conta da Venezuela nesta última semana.

Na semana passada, Maduro pediu prisão para Machado e González Urrutia. A líder opositora negou asilo político oferecido pela Costa Rica, mas segue escondida e seu candidato não é visto há pelo menos uma semana.

María Corina tem usado as redes sociais para se comunicar. Em uma publicação feita na segunda-feira, 5, ela fez um apelo aos militares, pedindo para que o Exército fique do lado da população e não reprima os protestos.

Por outro lado, a Força Armada da Venezuela, em resposta, reiterou nesta terça-feira sua "absoluta lealdade" a Maduro e qualificou esses pedidos de apoio como "desesperados e sediciosos", segundo um comunicado lido mais cedo pelo ministro da Defesa, general Vladimir Padrino.

O Ministério Público abriu uma investigação contra ambos por "incitação à insurreição" e outros crimes, como "conspiração", após publicarem uma carta aberta aos militares e policiais na qual defendiam a vitória da oposição nas eleições e pediam que se colocassem "ao lado do povo".

Além das armas, os militares controlam empresas de mineração, petróleo e distribuição de alimentos, bem como as alfândegas e 12 dos 34 ministérios, incluindo pastas importantes como Petróleo, Energia, Defesa, Relações Interiores e Comércio.

A oposição e especialistas denunciam redes de corrupção que enriqueceram muitos oficiais.

Certificação do resultado

Esse cenário político causou movimentações internacionais, onde o Brasil se posiciona como um dos países que não reconhece a reeleição de Maduro, nem a eleição de Gonzáles Urrutia, mas pede a divulgação das atas eleitorais e transparência a respeito das fases do pleito.

*Com informações de AFP e EFE

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