Macron e Xi em encontro no Palácio do Eliseu
Repórter colaborador
Publicado em 6 de maio de 2024 às 09h14.
Última atualização em 6 de maio de 2024 às 09h35.
O presidente da França, Emmanuel Macron, e a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, instaram o presidente da China, Xi Jinping, a garantir um comércio mais equilibrado entre Europa e Pequim, no início da visita do líder chinês a Paris, durante a qual Macron também o pressionará sobre a Ucrânia.
Xi está na Europa pela primeira vez em cinco anos, num momento de tensões comerciais com a União Europeia. O líder chinês escolheu três países para visitar – França, Sérvia e Hungria – os três, em graus variados, olham com desconfiança para a ordem mundial dos EUA no pós-guerra, vêem a China como um contrapeso necessário e estão ansiosos por reforçar os laços económicos.
Macron disse que Europa e China se encontram numa "encruzilhada na história" que exige a resolução de dificuldades estruturais, incluindo a obtenção de condições de concorrência justa para as empresas do Velho Mundo.“O futuro do nosso continente também dependerá muito claramente da nossa capacidade de desenvolver ainda mais de forma equilibrada a nossa relação com a China”, disse o francês no Palácio do Eliseu.
À Economist, Macron disse estar preocupado com o atraso da Europa na parte industrial com relação a EUA e China. "A Europa tem de responder agora, ou poderá nunca recuperar o atraso", falou. O francês também criticou os EUA por "pararem de tentar fazer com que os chineses joguem conforme às regras do comércio internacional".
Na mesma entrevista, o presidente francês também mostrou-se apreensivo com a corrida armamentista pelo mundo, com EUA e China liderando essa disputa, e atores como Rússia e Irã reforçando sua indústria bélica, causando preocupação no Ocidente. "A Europa pode morrer', falou Macron.
Segundo a Reuters, o distanciamento dos líderes também foi visto na hora dos cumprimentos. Macron tem a tendência de abraçar seus colegas. Desta vez, porém, apenas apertou a mão de Xi.
Em breves comentários antes das negociações fechadas à imprensa, Xi respondeu que via as relações com a Europa como uma prioridade da política externa da China e que ambos deveriam permanecer comprometidos com a parceria.
“À medida que o mundo entra num novo período de turbulência e mudança, como duas forças importantes neste mundo, a China e a Europa devem reforçar esse posicionamento como parceiros, aderir ao diálogo e à cooperação...” disse Xi.
Ele programou sua chegada à Sérvia para coincidir com o 25º aniversário do bombardeio da OTAN O à Embaixada da China em Belgrado durante a guerra do Kosovo. Aquele ataque de 7 de Maio de 1999, pelo qual a Casa Branca pediu desculpas, matou três jornalistas chineses e desencadeou protestos em torno da Embaixada dos EUA em Pequim.
A doutrina oficial dos 27 membros da União Europeia define a China como “um parceiro para a cooperação, um concorrente económico e um rival sistémico”. Parece mesmo contraditório porque o bloco está dividido entre como equilibrar as oportunidades económicas na China com o risco de segurança nacional, o risco de segurança cibernética e o risco económico para várias indústrias.
Em Março, o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, disse as jornalistas que a fórmula da Europa era "impraticável".
Von der Leyen falou que China e Europa têm um interesse comum na paz e na segurança, mas que a relação é desafiada por questões ligadas ao acesso ao mercado e ao comércio.