Visitantes no Jardim dos Fugitivos em Pompeia, Itália: o lugar passou a simbolizar as décadas de má gestão de muitos dos tesouros culturais da Itália (Carlo Hermann/AFP)
Da Redação
Publicado em 6 de fevereiro de 2013 às 11h51.
Pompeia - Durante muito tempo negligenciada pelas autoridades, a cidade romana de Pompeia sofrerá uma remodelação de 105 milhões de euros parcialmente financiada pela União Europeia (UE) e a reforma começa nesta quarta-feira, um dia após os ex-administradores do local serem colocados sob investigação por corrupção.
O projeto, que é financiado com 41,8 milhões de euros pela UE, é visto como crucial para a sobrevivência de Pompeia após uma série de colapsos no local de 44 hectares, na sombra do Monte Vesúvio.
O vulcão em erupção devastou Pompeia cerca de 2.000 anos atrás, em 79 dC, mas as cinzas e rochas ajudaram a preservar construções quase em seu estado original, bem como produziram formas misteriosas em torno dos cadáveres das vítimas do desastre.
O local muito popular perto de Nápoles passou a simbolizar as décadas de má gestão de muitos dos tesouros culturais da Itália, bem como as consequências dos recentes cortes drásticos nos orçamentos para a cultura devido às medidas de austeridade.
Os reparos são destinados a reduzir o risco de exposição ao meio ambiente, reforçando as antigas construções romanas, restaurando os famosos afrescos de Pompeia e aumentando a vigilância por câmeras no local, onde a segurança tem sido negligente.
Na véspera da cerimônia de abertura, a polícia financeira italiana anunciou que estava investigando Marcello Fiori, ex-diretor do local, nomeado pelo então primeiro-ministro Silvio Berlusconi em 2009, por suposto abuso de poder.
Luigi D'Amora, o antigo supervisor dos trabalhos de restauração de Pompeia, também foi acusado de fraudar o Estado. Enquanto isso, uma ex-contratada, Annamaria Caccavo, foi colocada sob prisão domiciliar por superfaturar os custos.
Um contrato estimado por Caccavo em € 449.882 acabou custando ao Estado 4,840 milhões de euros, afirmaram os procuradores nos documentos judiciais.
As obras "não eram essenciais" para preservar Pompeia e tinham por objetivo as apresentações em um palco nas ruínas da cidade antiga.
As reformas mais recentes serão geridas por um "comitê executivo" composto pelos ministérios do governo italiano e por representantes da União Europeia para garantir que os fundos não sejam gastos de forma errada.
"Vamos ser muito rigorosos sobre o calendário", afirmou Fabrizio Barca, ministro italiano para a Coesão Territorial, que supervisiona os gastos regionais, afirmou antes do evento desta quarta-feira, que também contará com a participação dos ministros da Cultura e do Interior.
O Comissário Europeu de Política Regional, Johannes Hahn, que será o principal convidado na cerimônia, afirmou à agência de notícias italiana Ansa na terça-feira que o projeto pode ser um "modelo" para os gastos culturais na União Europeia.
O "Grande Projeto Pompeia" também irá melhorar as instalações para os visitantes e a Comissão Europeia estima que o número de turistas no local pode aumentar de cerca de 2,3 milhões por ano para 2,6 milhões em 2017.
Ao revelar os planos no ano passado, o primeiro-ministro Mario Monti disse que ele mostrou a necessidade de "coragem e força" para realizar projetos complexos no sul da Itália, região que tem sido atormentada por baixos investimentos e alta taxa de corrupção.
Pompeia, um Patrimônio Mundial da UNESCO, oferece um vislumbre da vida cotidiana na era Romana e inclui destaques como a Vila dos Mistérios, decorada com afrescos que parecem mostrar a cerimônia de iniciação de uma mulher em uma seita.