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Antes de votação crucial em Israel, 10 mil reservistas anunciam que vão parar de servir

Decisão ocorre mesmo depois de ameaça de prisão feita por comandantes militares; Parlamento começa a analisar um dos pontos da reforma no Judiciário defendida por Netanyahu

O retorno ao serviço está condicionado à retirada da reforma judicial da pauta (Jack Guez/AFP)

O retorno ao serviço está condicionado à retirada da reforma judicial da pauta (Jack Guez/AFP)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 22 de julho de 2023 às 19h35.

Em meio a mais um dia de protestos contra os planos do governo de Benjamin Netanyahu para mudar o Poder Judiciário em Israel, um grupo de 10 mil reservistas anunciou a suspensão de suas participações em serviços voluntários prestados às Forças Armadas. Com isso, se juntam a um outro grupo de mil reservistas da Força Aérea que havia feito a mesma promessa na sexta-feira, e tentam fortalecer as vozes que tomaram as ruas de várias cidades do país neste sábado.

Em entrevista coletiva, o líder dos reservistas, Eyal Neve, disse que a noite deste sábado foi "uma das mais difíceis para o Estado de Israel, mas também foi uma das mais importantes" para o país, e confirmou que a ameaça feita ao Parlamento antes da Páscoa judaica iria sair do papel. O retorno ao serviço está condicionado à retirada da reforma judicial da pauta.

"Nós representamos 10 mil reservistas que estão dizendo ao governo, ao ministro da Defesa e ao primeiro-ministro: a responsabilidade é de vocês!", declarou, citado pelo Canal 12. "Se você nos quer do seu lado, como nós estivemos em governos de esquerda e direita, estamos pedindo que suspenda essa legislação.

Segundo estimativas, 4% dos israelenses entre 22 e 45 anos que cumpriram o serviço militar são regularmente chamados para funções de treinamento e de combate. Quem se recusar a prestar serviços, como é o caso dos 10 mil reservistas do Exército e dos 1.142 da Força Aérea, pode sofrer sanções legais, e na quinta-feira, a Rádio do Exército sinalizou que aqueles que não se apresentarem em seus postos designados poderão até ser presos.

Contudo, o movimento ganhou o apoio de alguns veteranos das Forças Armadas e dos serviços de segurança. "Este não é um golpe militar. Essa não é uma rebelião", disse o ex-chefe do Shin Bet, a agência de segurança interna de Israel, Yuval Diskin, em um comício em Tel Aviv.

"Meus irmãos e minhas irmãs de armas, vocês que ainda têm dúvidas e que já se decidiram. Seu voluntarismo histórico no campo de combate salvou o país de seus inimigos. Hoje, a batalha é pelo caráter do Estado, contra aqueles que tentam destruir suas fundações e valores. Tempos não usuais pedem medidas não usuais".

A incomum participação dos militares contra as reformas defendidas por Netanyahu se tornou um dos símbolos do movimento que vem levando milhões de pessoas às ruas desde o começo do ano, e também fez surgirem rumores de que essas ações poderiam minar a prontidão defensiva do país, algo negado de forma veemente pelas autoridades.

Além do anúncio dos reservistas, o sábado foi de protestos ao redor do país. Em Jerusalém, milhares de pessoas que participaram de uma marcha de quatro dias realizaram um ato diante do Parlamento, e montaram acampamento na cidade sagrada. Em Tel Aviv, os manifestantes chegaram a bloquear um dos principais eixos rodoviários, mas foram afastados pela polícia.

Apesar da pressão das ruas e quartéis, Netanyahu manteve a agenda para aprovar um dos pontos mais controversos de sua reforma judicial: a derrubada do chamado princípio da razoabilidade. Caso a medida seja aprovada, a Suprema Corte não teria mais o poder de anular determinados atos do governo que considere "não razoáveis". Com isso, o Judiciário perderia força e o Legislativo não teria tantas barreiras às medidas que aprovar, exatamente como quer o premier.

Segundo o Haaretz, Netanyahu ameaçou derrubar parlamentares de seu partido que votem contra a proposta, que não deverá mais ser alterada. A primeira leitura está prevista para a tarde deste domingo, e o texto deve passar por pelo menos duas votações. Caso seja aprovada, a medida será a mais importante da reforma defendida pelo premier, que também inclui mudanças no forma de escolha dos integrantes da Suprema Corte.

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