Uma pessoa que procura proteção na Europa não pode escolher o país dentro da UE, onde ele ou ela quer apresentar um pedido de asilo, disse Merkel (Hannibal Hanschke/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 28 de junho de 2018 às 09h44.
Última atualização em 28 de junho de 2018 às 09h54.
Berlim - A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, destacou a necessidade de uma abordagem europeia para lidar com a influência dos requerentes de asilo e, assim, tentar afastar os críticos de dentro de seu próprio bloco conservador. Em 2015, Merkel defendia a decisão de manter as fronteiras da Alemanha abertas durante a crise de refugiados.
Falando ao Parlamento antes de se dirigir à cúpula da União Europeia em Bruxelas, Merkel descreveu aos legisladores que a mudança em sua postura foi um gesto excepcional para aliviar a pressão sobre a vizinha Áustria e Hungria, cujos líderes haviam pessoalmente apelado por assistência.
"Nós dissemos em uma situação excepcional, vamos ajudar e eu acho que foi a decisão certa", disse Merkel.
A chanceler está lutando em uma batalha tanto internamento quanto no exterior contra os críticos que a acusam de pôr em perigo a segurança europeia com a sua abordagem acolhedora de imigrantes.
A luta interna dentro de sua coalizão tornou-se tão grave que poderia derrubar seu governo, mas Merkel disse ao Parlamento que as implicações eram ainda mais amplas.
"A Europa tem muitos desafios, mas a imigração pode determinar o destino da União Europeia", disse ela.
Perante a probabilidade de os 28 membros da UE não conseguirem chegar a um acordo unânime em uma abordagem, Merkel disse que procuraria uma "coalizão de países dispostos a acordar medidas urgentes para combater a imigração ilegal até uma solução pan-europeia ser encontrada".
Merkel disse que os membros da UE discordam em dois pontos-chave: uma política de asilo comum e uma distribuição justa dos refugiados - e ela não espera um acordo ainda nesta semana. Ainda assim, ela insistiu que as medidas tomadas desde 2015 estavam indo na direção certa.
Em um aceno a um de seus críticos mais ferozes dentro de sua coalizão, o ministro do Interior Horst Seehofer, Merkel também disse que concordou com a necessidade de prevenir os requerentes de asilo de atravessar as fronteiras abertas do continente à vontade. Refugiados que entram a UE tem que ficar no primeiro país em que se registrou, mas o chamado regulamento de Dublin não tem sido devidamente aplicado, resultando em pedidos de asilo múltiplos em diferentes países.
"Uma pessoa que procura proteção na Europa não pode escolher o país dentro da União Europeia, onde ele ou ela quer apresentar um pedido de asilo", disse Merkel. No entanto, ela acrescentou que "não podemos deixar os países onde os imigrantes chegam ficarem com todos eles".