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Redes de TV se silenciam durante protestos na Venezuela

Canais fazem uma cobertura tão tímida que críticos estão falando de um "blecaute" da mídia que está ajudando o governo

Apoiadora do oposicionista Leopoldo Lopez em frente ao tribunal onde o líder deverá enfrentar um processo, em Caracas (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

Apoiadora do oposicionista Leopoldo Lopez em frente ao tribunal onde o líder deverá enfrentar um processo, em Caracas (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 19 de fevereiro de 2014 às 16h54.

Caracas - Doze anos depois de terem participado de forma crucial num golpe de Estado, as redes de TV da Venezuela fazem uma cobertura tão tímida dos atuais protestos contra o governo que críticos estão falando de um "blecaute" da mídia que está ajudando o governo.

Os canais de TV, que abertamente estimularam a população a ir às ruas em 2002 e ajudaram a provocar o golpe que de forma breve tirou do governo o então presidente Hugo Chávez, dão agora atenção mínima em tempo real para as manifestações contra o governo, nas quais pelo menos cinco pessoas morreram.

Quando as forças de segurança prenderam o líder de oposição Leopoldo López na terça-feira, levando dezenas de milhares de seus simpatizantes às ruas, as redes que por anos cobriram todos os passos da política venezuelana não realizaram praticamente cobertura ao vivo.

O presidente do país, Nicolás Maduro, eleito no ano passado depois da morte de Chávez por câncer, rebate as acusações de que está cerceando a liberdade de expressão, dizendo que está simplesmente evitando que os meios de comunicação causem pânico.

No entanto, ele foi criticado por grupos de liberdade de imprensa, como o Repórteres Sem Fronteiras por ordenar que o canal de notícias colombiano NTN24 fosse retirado do sinal a cabo depois que a TV transmitiu ao vivo a violência que começou na semana passada.

"Estamos muito preocupados com as tentativas de se criar um blecaute de informação com ameaças à mídia local e censura à internacional", disse o principal sindicato de jornalistas da Venezuela.

A reviravolta na mídia televisiva começou com a medida de Chávez em 2007 de tirar a RCTV do ar, ao negá-la a renovação da licença. O canal de notícias Globovision, que já focou a sua cobertura em políticos e causas da oposição, mudou de diretoria e de linha editorial.

O Twitter é agora a principal fonte para as notícias em tempo real. Os venezuelanos, acostumados com as coberturas ao vivo, reclamam que ficam perdidos em meio a um monte de tuítes com informações falsas ou antigas.

A ministra das Comunicações, Delcy Rodríguez, condenou a imprensa internacional por uma distorcida cobertura da violência, dizendo que fotos do conflito no Egito estão sendo tuitadas por meios de comunicação como se tivessem sido tiradas na Venezuela.

"Estamos muito preocupados com a manipulação de imagens pela mídia internacional", afirmou a ministra. Ela disse que um jornalista da NTN24 mostrou fotos de bebês dormindo em caixas de papelão em Honduras como se fossem cenas da Venezuela.

Dois importantes jornais de oposição mantêm o destaque aos problemas econômicos do país.

No entanto, jornalistas associados a um outro diário bastante lido, o Últimas Noticias, escreveram uma carta criticando a mudança de última hora na cobertura da violência na quarta-feira passada.

A primeira página do jornal no dia seguinte, que havia sido planejada para destacar as mortes durante os protestos, passou a privilegiar uma declaração de Maduro sobre golpe.

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