Arafat: "Temos uma primeira prova do crime aqui" ressaltou a viúva de Arafat nesta quarta ao justificar seu pedido de exumação do cadáver (Thomas Coex/AFP)
Da Redação
Publicado em 4 de julho de 2012 às 14h30.
Jerusalém - A Autoridade Nacional Palestina (ANP) se mostrou disposta a exumar o corpo do líder palestino Yasser Arafat diante do aparecimento de novos indícios sobre um possível envenenamento, afirmou nesta quarta-feira Nabil Abu Rudeina, porta-voz do presidente da ANP, Mahmoud Abbas.
Suha, a viúva do histórico líder palestino, pediu a exumação do corpo de Arafat depois que uma investigação realizada pela emissora "Al Jazeera" concluísse que o ex-líder pôde ter morrido devido ao envenenamento de polônio 210, uma substância altamente radioativa e encontrada em alguns de seus objetos pessoais.
A decisão sobre uma possível exumação do corpo de Arafat, enterrado na Muqata de Ramala, sede da Presidência e do Governo da ANP, corresponde somente aos palestinos.
"A Autoridade Palestina sempre esteve disposta a cooperar e ajudar a esclarecer os motivos reais da doença e da morte do anterior presidente", disse Rudeina à agência palestina "Wafa".
O porta-voz acrescentou que "não há nenhuma razão política ou religiosa que impeça a continuidade dessa investigação, incluindo a exumação de seu corpo com a aprovação de sua família".
Além disso, Rudeina destacou que a liderança palestina "se comprometeu a investigar as causas" da morte do anterior presidente, "que permanece na mente dos palestinos, dos árabes e do mundo inteiro, já que foi o símbolo e o líder da luta de povo palestino durante quatro décadas".
A investigação da emissora do Catar, divulgada ontem, inclui um estudo do Instituto de Radiofísica do Hospital Universitário de Lausanne (Suíça), cujos resultados indicam que o líder palestino poderia ter sido morto por envenenamento com polônio 210.
O estudo, que durou nove meses, analisou a roupa, a escova de dentes e, inclusive, o emblemático "kufiya" (lenço palestino) de Arafat, onde aparentemente foi detectado níveis anormais de polônio nos restos de sangue, suor, saliva e urina presentes nestes objetos.
"Temos uma primeira prova do crime aqui. Falamos de um crime quando encontramos mais de um 50% de polônio em suas roupas no laboratório mais importante do mundo", ressaltou a viúva de Arafat nesta quarta ao justificar seu pedido de exumação do cadáver.
"Peço uma exumação porque os cientistas suíços disseram que tínhamos que fazer. Só assim vamos estar 100% seguros", acrescentou Suha, que também solicitou uma investigação internacional similar a realizada no caso do ex-primeiro-ministro libanês Rafik Hariri, que morreu em um atentado em Beirute em 2005.