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Ano de 2011 encerra década mais quente da história

O ano de 2011 é o 10º mais quente registrado desde 1850, quando tiveram início as medições de precisão

Os cientistas acreditam que qualquer elevação acima do teto de 2ºC poderá provocar mudanças amplas e irreversíveis na terra e nos oceanos (AFP/Reprodução)

Os cientistas acreditam que qualquer elevação acima do teto de 2ºC poderá provocar mudanças amplas e irreversíveis na terra e nos oceanos (AFP/Reprodução)

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Da Redação

Publicado em 29 de novembro de 2011 às 21h48.

Durban - Treze dos anos mais quentes já registrados ocorreram nos últimos dez anos e meio, e este ano encerra aquela que já é considerada a década mais quente da história, uma prova de que o aquecimento global é uma realidade, informou esta terça-feira a Organização Meteorológica Mundial (OMM).

Ainda segundo a OMM, que divulgou um relatório provisório sobre as tendências e os extremos do clima, publicado durante a cúpula climática das Nações Unidas, em Durban, na África do Sul, o ano de 2011 é o 10º mais quente registrado desde 1850, quando tiveram início as medições de precisão.

"Nossa ciência é sólida e prova de forma inequívoca que o mundo está esquentando e que este aquecimento se deve às atividades humanas", afirmou o secretário-geral da OMM em um comunicado, acrescentando que as autoridades deveriam se conscientizar destas descobertas.

"As concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera alcançaram novas altas e se aproximam muito rapidamente de níveis consistentes com uma elevação de 2º a 2,4º C na média global de temperaturas", acrescentou.

Os cientistas acreditam que qualquer elevação acima do teto de 2ºC poderá provocar mudanças amplas e irreversíveis na terra e nos oceanos.


O período compreendido entre 2002 e 2011 equivale a 2001-2010 como a década mais quente desde 1850, acrescentou o documento.

Isto ocorreu apesar do fenômeno de resfriamento La Niña - um dos mais fortes em 60 anos -, que se desenvolveu no Pacífico tropical na segunda metade de 2010 e continuou até maio de 2011.

O relatório destacou que este fenômeno climático cíclico, que ocorre a cada três ou sete anos, ajudou a impelir eventos climáticos extremos, incluindo a seca no leste da África, nas ilhas do Pacífico equatoriano e no sul dos Estados Unidos.

Embora o La Niña e seu "primo" meteorológico, o El Niño, não sejam causados pelas mudanças climáticas, as temperaturas oceânicas elevadas provocadas pelo aquecimento global podem afetar sua intensidade e frequência, afirmaram os cientistas.

As temperaturas superficiais médias na terra superaram as médias de longo prazo na maior parte das regiões.

"Não há um único país que tenha registrado temperaturas médias entre 2001-2010 que tenham sido mais frias do que sua média nacional de longo prazo entre 1961-1990", afirmou a jornalistas em Durban o vice-secretário geral da OMM, R.D.J. Lengoasa, citando uma revisão que será publicada em breve sobre tendências climáticas dos últimos dez anos.

Para 95% dos 80 países que submeteram dados relevantes, o período 2001-2010 foi a década mais quente já registrada, afirmou.

Quarenta por cento bateram recordes nacionais de calor em 2001-2010, contra 15% no período 1991-2000 e 10% no período 1981-1990.

"É preciso tomar ação urgente para prevenir os piores cenários de mudanças climáticas nas próximas décadas", disse Lengoasa.

O gelo marinho no Ártico encolheu ao ponto de registrar a segunda menor superfície desde 2007, alcançando uma finura recorde.

Os eventos climáticos extremos de 2011 - alguns influenciados por La Niña - atingiram as regiões de forma desigual.

No leste da África, onde a agricultura depende quase exclusivamente da chuva, a seca severa castigou muitos países, especialmente o Quênia, a Somália e algumas partes da Etiópia.


Treze milhões de pessoas precisaram de ajuda de emergência, segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coorddenação de Assuntos Humanitários (OCHA).

No leste da Ásia, as chuvas durante a temporada de monções deste ano ficou bem acima da média, e os países mais afetados foram Tailândia e Laos. As cheias mataram quase mil pessoas em Tailândia, Camboja e Mianmar.

Catorze eventos relacionados com o clima nos Estados Unidos causaram, cada um, US$ ao menos 1 bilhão em perdas.

Nas Américas central e do sul, chuvas acima de 200 milímetros mataram, em questão de horas, 900 pessoas na região serrana do Rio de Janeiro, a maior tragédia climática da história do Brasil.

Pelo segundo ano consecutivo, o Paquistão sofreu com cheias severas, embora mais localizadas, no sul, do que em 2010.

Um relatório em separado, também publicado esta terça-feira, mostrou que Paquistão, Guatemala e Colômbia foram os países mais castigados em 2010 por eventos climáticos extremos.

Segundo o documento, elaborado pela ONG europeia Germanwatch, em um prazo de 20 anos, Bangladesh, Mianmar e Honduras se revelaram os países mais vulneráveis à violência da natureza.

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