Refugiados na Itália: o chefe da polícia italiana, Franco Gabrielli, descartou as acusações (Marco Di Lauro/Getty Images)
Reuters
Publicado em 3 de novembro de 2016 às 18h22.
Roma - A Itália vem cometendo abusos de direitos humanos que podem equivaler a tortura enquanto tenta registrar dezenas de milhares de imigrantes chegando de barco, disse a Anistia Internacional nesta quinta-feira, provocando uma negação veemente do diretor da polícia nacional.
O relatório incluiu alegações de espancamentos, choques elétricos e humilhação sexual em casos envolvendo principalmente imigrantes da África que não quiseram ter suas impressões digitais gravadas.
O chefe da polícia italiana, Franco Gabrielli, descartou as acusações, dizendo que seus policiais, que trabalham ao lado de autoridades da União Europeia e de grupos de direitos humanos nos centros de imigração, mostraram uma responsabilidade enorme na administração da crise.
"Nego categoricamente que métodos violentos sejam usados contra imigrantes, seja durante a identificação, seja durante a repatriação", afirmou Gabrielli em um comunicado.
A Itália se tornou o principal ponto de chegada na Europa para pessoas em fuga de perseguições e da pobreza no continente africano, e a maioria cruza o mar Mediterrâneo partindo da caótica Líbia em busca de uma vida melhor.
Alarmada pelo aumento da quantidade de imigrantes que percorrem o território italiano rumo ao norte europeu, em setembro de 2015 a UE pediu à Itália e à vizinha Grécia que criassem "pontos quentes" para identificar e tirar impressões digitais dos recém-chegados.
As leis europeias dizem que os imigrantes devem permanecer no país por onde entraram no bloco, e isso é determinado por onde deixam suas digitais. Até o ano passado, a maioria dos imigrantes se recusava a ser identificada e seguia diretamente para o norte, a parte mais rica da Europa.
"Em sua determinação de reduzir o movimento de refugiados e imigrantes rumo a outros Estados-membros, líderes da UE levaram as autoridades italianas até o limite, e além do que é legal", disse Matteo de Bellis, pesquisador da Anistia, em um comunicado.
A Comissão Europeia disse que os "pontos quentes" são legais e que respeitam direitos fundamentais, acrescentando que agências da UE e grupos de ajuda localizados na Itália não relataram qualquer irregularidade.
"Qualquer forma de violência ou abuso de direitos de refugiados é inaceitável, e levamos toda e qualquer alegação a sério. Vamos manter contato com as autoridades italianas para saber se alguma destas afirmações tem fundamento", disse a porta-voz da Comissão.