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Anistia denuncia rebeldes islâmicos por crimes de guerra

A ONG aponta para grupos armados sírios nas províncias de Aleppo e de Idleb, "dos quais alguns teriam o apoio do Catar, da Arábia Saudita, da Turquia e dos EUA"


	Síria: "Em Aleppo e em Idleb, hoje, os grupos armados têm o campo livre para cometer crimes de guerra e outras violações"
 (Goran Tomasevic / Reuters)

Síria: "Em Aleppo e em Idleb, hoje, os grupos armados têm o campo livre para cometer crimes de guerra e outras violações" (Goran Tomasevic / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 5 de julho de 2016 às 10h11.

A Anistia Internacional acusou - em novo informe divulgado nesta terça-feira - grupos rebeldes islâmicos na Síria de cometeram "sequestros, torturas e execuções sumárias", convocando a comunidade internacional a retirar qualquer apoio aos movimentos responsáveis por crimes de guerra.

A ONG aponta para grupos armados sírios nas províncias de Aleppo (norte) e de Idleb (noroeste), "dos quais alguns teriam o apoio do Catar, da Arábia Saudita, da Turquia e dos Estados Unidos".

"Em Aleppo e em Idleb, hoje, os grupos armados têm o campo livre para cometer crimes de guerra e outras violações do Direito Internacional Humanitário com impunidade", afirmou o chefe do Programa do Oriente Médio e da África do Norte da Anistia, Philip Luther.

Reproduzindo as conclusões da Anistia, ele denunciou "uma assustadora onda de sequestros, torturas e execuções sumárias".

A Anistia cita o grupo rebelde islâmico Nureddin Zinki, a Frente al-Shamia e a Divisão-16, que integram a coalizão islâmica "Fatah Halab" ("A conquista de Aleppo", em tradução livre), assim como o poderoso grupo salafista armado Ahrar al-Sham, apoiado pelo reino saudita, e os "jihadistas" da Frente al-Nusra, o braço sírio da Al-Qaeda.

De acordo com o relatório, os grupos prenderam e torturaram advogados, jornalistas e crianças, seja por criticá-los, ou por cometerem atos vistos considerados imorais. Minorias religiosas também estão entre as vítimas.

O relatório da Anistia descreve "24 casos de sequestros por grupos armados entre 2012 e 2016", que tiveram como alvo, sobretudo, "militantes pacíficos, ou mesmo crianças".

"Muitos civis vivem com o medo constante de serem sequestrados, se criticarem a conduta dos grupos armados, ou se não respeitarem as rígidas regras que eles impõem", explica Luther.

"Também há cinco casos entre 2014 e 2015, nos quais as pessoas dizem ter sido torturadas" pelo Nureddin Zinki e pela Frente al-Nusra.

Entre eles, está Halim, um trabalhador humanitário de 24 anos, capturado em Aleppo pelos combatentes do Nureddin Zinki e forçado a assinar "confissões" sob tortura, afirma a Anistia.

Um guarda "me obrigou a levantar os pés em posição perpendicular. Ele começou a me bater com cabos na planta dos pés. Eu não podia suportar a dor, então assinei o papel", testemunhou o jovem.

A Anistia relata ainda execuções sumárias realizadas pela Frente al-Shamia, Al-Nusra e pelos poderosos tribunais islâmicos, aos quais são ligados, e praticam a Justiça de acordo com a Sharia, a Lei Islâmica.

"Entre aqueles que foram mortos, contamos civis, em especial um adolescente de 17 anos acusado de ser gay e uma mulher acusada de adultério", completou a ONG.

Saleh foi levado pela Al-Nusra no final de 2014 e, segundo seu guarda, cinco mulheres acusadas de adultério seriam "perdoadas apenas com a morte". Ele contou que, depois, assistiu a um vídeo que mostrava militantes da Al-Nusra matando uma mulher publicamente.

Anistia diz ter documentado violações em Idleb, cometidas pela Al-Nusra e por seus aliados, e Aleppo.

A organização pede aos países integrantes do Grupo Internacional de Apoio à Síria (GISS) - principalmente EUA, Catar, Turquia e Arábia Saudita - que "ponham fim a qualquer transferência de armas, ou a qualquer outro apoio aos grupos envolvidos nos crimes de guerra, ou em outras violações flagrantes".

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