Crise: além dos apelos diretos a doações públicas, os zoológicos alemães estão solicitando em conjunto uma ajuda governamental (Getty/Getty Images)
Janaína Ribeiro
Publicado em 14 de abril de 2020 às 20h54.
A diretora de Neumünster, um zoológico ao norte da Alemanha, revelou que está tendo que considerar a possibilidade trágica de sacrificar alguns animais para alimentar outros durante a pandemia do coronavírus.
Verena Kaspari disse ao jornal alemão Die Welt que se for o caso, terá que sacrificar animais, "em vez de deixar todos morrerem de fome". Ela disse que este era um "último recurso", mas que é possível que alguns animais tenham que ser abatidos, apesar de esta ainda não ser a solução para os problemas financeiros. A estimativa é que a perda de renda do zoológico nesta primavera será de cerca de 175.000 euros (152.400 libras).
Como o zoológico é de propriedade de uma associação, ele não tem direito a financiamento do governo alemão, informou a BBC News.
Ao contrário de outras empresas, um zoológico não pode apenas cortar custos, pois os animais ainda precisam ser alimentados. Focas e pinguins precisam de grandes quantidades de peixe fresco diariamente, por exemplo. A associação nacional de zoológicos da Alemanha argumenta que os zoológicos, ao contrário de muitos outros negócios, não podem entrar em hibernação e reduzir custos. Os animais precisam de cuidados além da alimentação, como aquecimento de um recinto tropical acima de 20 ° C.
Além dos apelos diretos a doações públicas, os zoológicos alemães estão solicitando em conjunto uma ajuda governamental no valor de € 100 milhões.
Enquanto isso, no Zoológico Schönbrunn, uma das principais atrações de Viena, a pandemia ainda não afetou como no caso de Neumünster. Apesar de afirmarem ter uma reserva financeira para passar pela crise, 70% de seus 230 funcionários foram liberados em licença por três meses, com os empregos assegurados.
Já a Áustria possui um sistema chamado "Kurzarbeit" (trabalho subsidiado de curta duração) a exemplo da Alemanha, para que a maioria dos trabalhadores não perca o emprego quando o empregador enfrenta dificuldades.
"Humanos desaparecidos"
De acordo com os tratadores, o fato de os zoológicos não terem visitantes também está afetando o bem-estar emocional dos animais, que costumam estar cercados por seres humanos. Animais como pandas, papagaios e macacos estão se sentindo especialmente desprovidos de contato humano, afirmam os cuidadores.