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Angola vota sem incidentes mas com ameaças

Os colégios eleitorais abriram na hora prevista, com longas filas de eleitores que esperavam impacientes desde antes da abertura, e fecharam às 18h locais


	Luanda, capital de Angola: Nas eleições legislativas de 2008, o MPLA recebeu mais de 80% dos votos
 (Paulo César Santos)

Luanda, capital de Angola: Nas eleições legislativas de 2008, o MPLA recebeu mais de 80% dos votos (Paulo César Santos)

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Da Redação

Publicado em 31 de agosto de 2012 às 18h49.

Luanda - A Angola realizou nesta sexta-feira sem incidentes suas segundas eleições desde o fim da guerra civil, há dez anos, embora a oposição tenha reiterado sua ameaça de impugnar o resultado das eleições gerais, nas quais aparece como grande favorito o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido do presidente angolano, José Eduardo dos Santos.

Os colégios eleitorais abriram na hora prevista (7h locais, 3h de Brasília), com longas filas de eleitores que esperavam impacientes desde antes da abertura, e fecharam às 18h locais (14h de Brasília).

As ruas de Luanda, normalmente cheias de carros, hoje estavam desertas e apenas se viam cidadãos com o dedo indicador direito manchado de tinta, o que mostrava que haviam votado.

A Polícia Nacional enviou 70 mil soldados que vigiaram, entre outros pontos, os 10.349 colégios eleitorais distribuídos pelo país, enquanto 1.500 observadores nacionais e 700 internacionais velaram pelo bom desenvolvimento das votações.

O dia foi marcado pela organização eficaz e pelo comportamento cívico dos eleitores, segundo constatou uma observadora da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), a cabo-verdiana Teresa Amado.

"Se o processo continuar com essa organização, teremos um final positivo", ressaltou Teresa.

Cerca de 9,7 milhões de angolanos foram convocados para escolher os 220 deputados da Assembleia Nacional, nas terceiras eleições desde a independência de Portugal, em 1975.

Segundo a nova Constituição aprovada em 2010, que eliminou a eleição direta para presidente da república, o primeiro da lista do partido vencedor das eleições se tornará chefe de Estado, enquanto o segundo será vice-presidente.


Pelo que foi visto na porta dos colégios eleitorais, tudo aponta para uma notável participação do eleitorado, que foi votar em massa na primeira hora e desacelerou à medida que o dia avançou, embora as autoridades não tenham divulgado dados oficiais a respeito.

Entre os líderes políticos, um dos primeiros a votar foi o atual presidente do país, José Eduardo dos Santos, que estimulou os cidadãos a irem às urnas pelo bem da democracia.

"Votem pelo desenvolvimento da democracia, porque este momento é importante, e porque todos podem exercer este direito de maneira responsável", disse Santos, após depositar sua cédula no colégio eleitoral da capital de Yara Jandira.

Santos, que preside a Angola há quase 33 anos como líder do Movimento Popular para a Libertação de Angola (MPLA), se declarou "muito satisfeito" com o andamento das votações, que, em sua opinião, transcorreram bem e tranquilamente em todo o país.

Santos, de 70 anos, chegará a um mandato de 50 anos se o MPLA vencer as eleições, como preveem os analistas.

Menos conciliador se mostrou Isaias Samakuva, líder do principal partido opositor, a União Nacional para a Independência Total de Angola (Unita), que reiterou a intenção de seu grupo de impugnar os resultados por supostas irregularidades no processo eleitoral.

"Vamos impugnar os resultados porque, no caso da província de Luanda, a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) não credenciou mais de 2 mil delegados nossos, o que quer dizer que a Unita não pode assegurar a veracidade dos resultados em mais de 1 mil mesas (eleitorais)", afirmou Samakuva.

O chefe da Unita, que votou na Universidade Óscar Ribas, na capital angolana, já tinha reivindicado antes o adiamento das eleições por supostas irregularidades.

Nas eleições legislativas de 2008, o MPLA recebeu mais de 80% dos votos, um resultado contundente que a Unita aceitou em prol da paz e da estabilidade do país, embora também tenha denunciado irregularidades.

Apesar de suas divergências, o MPLA e a Unita prometeram nesta campanha eleitoral fazer mais para reduzir a grande pobreza e a desigualdade social em Angola, apesar do seu rápido crescimento econômico como segundo maior produtor de petróleo da África após o encerramento, em 2002, da guerra que a devastou por 27 anos.

Espera-se que os primeiros resultados provisórios das eleições de hoje comecem a ser divulgados ainda amanhã, adiantou o presidente da CNE, André da Silva Neto, e a apuração definitiva deve ser divulgada em 15 dias.

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