Luanda, capital de Angola: desde que a guerra acabou, Angola tem enriquecido visivelmente (Paulo César Santos)
Da Redação
Publicado em 30 de agosto de 2012 às 15h50.
Maputo - Desde que foi promulgada a Constituição de 2012, Angola realiza eleições gerais pela primeira vez. Quase 10 milhões de eleitores vão escolher amanhã (31) 220 deputados. O voto é em lista fechada, ou seja, o eleitor vota no partido, que apresenta previamente uma lista com os nomes de seus candidatos e a ordem em que entram no Parlamento. Se um partido tem 20% dos votos, por exemplo, tem direito a 44 vagas - estarão eleitos, então, os 44 primeiros nomes daquele partido - e assim, sucessivamente, até que as vagas estejam todas preenchidas.
O presidente de Angola é eleito indiretamente pelos parlamentares, de acordo com a nova Constituição. O atual chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, é o número 1 da lista de seu partido, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). O MPLA deve ficar com a maioria das cadeiras, o que garantiria a ele mais um mandato de cinco anos. José Eduardo dos Santos está na Presidência há 33 anos, desde a morte de Agostinho Neto, em 1979. Neto foi o primeiro presidente após a independência do país de Portugal, em 1975.
A Unita, segunda maior força política de Angola, tem protestado contra a parcialidade das eleições, mas mantém-se na disputa. Durante 27 anos, a divergência entre os dois grupos provocou uma guerra civil que devastou o país. Cerca de 500 mil angolanos morreram. Um acordo de paz só foi possível após a morte de Jonas Savimbi, líder da Unita, em 2002, durante um confronto com forças do governo.
Desde que a guerra acabou, Angola tem enriquecido visivelmente. O padrão de vida da população e o acesso a bens de consumo aumentaram. Em 2011, a economia angolana cresceu 11%, principalmente em função das exportações de petróleo e minério.
A maior empregadora do país é a construtora brasileira Odebrecht, com cerca de 19 mil funcionários. Outras multinacionais brasileiras, como a Petrobras e a mineradora Vale, têm participação expressiva na produção de riquezas em território angolano. No entanto, indicadores como a expectativa de vida da população (42,9 anos) ou o percentual de analfabetos no país (37%) ainda deixam claro que grande parte dos angolanos continua na miséria.