Apoiadores do Congresso Nacional Africano: partido está no poder há 20 anos (Rodger Bosch/AFP)
Da Redação
Publicado em 8 de maio de 2014 às 14h42.
Pretória - O Congresso Nacional Africano (CNA), no poder há 20 anos na África do Sul, reivindica "maioria esmagadora" nas eleições legislativas de quarta-feira, apesar de ter perdido terreno em relação a última eleição de 2009.
Segundo resultados parciais após a apuração de 60% das urnas às 14H00 (8H00 no horário de Brasília), o partido de Nelson Mandela tem 63,3% dos votos, contra 66,9% há cinco anos.
"Ainda é cedo para prevermos o resultado final", advertiu a presidente da Comissão Eleitoral Independente, Pansy Tlakula, enquanto aguarda o resultado de grandes cidades como Johannesburgo.
"Com um resultado de 60%, seria uma vitória decisiva", indicou à AFP Jessie Duarte, secretário-geral adjunto do CNA.
"Estamos confiantes, teremos mais um mandato com o apoio de uma maioria para continuar a dirigir este país e levar a África do Sul à frente", afirmou Jackson Mthembu, porta-voz do partido.
Apesar de ainda não haver um resultado definitivo, o CNA garante o quinto mandato consecutivo. E o atual presidente, Jacob Zuma, deverá ser reeleito sem surpresas em 21 de maio pela Assembleia Nacional, onde possui ampla maioria.
Os sul-africanos votaram na quarta-feira nas primeiras eleições gerais sem Nelson Mandela e a quinta desde a queda do apartheid, em 1994. A participação foi estimada em 72,6%.
Atrás do CNA, o principal partido de oposição, a Aliança Democrática (DA), parece ter progredido e superado 20%.
Os resultados parciais indicavam 22,2% dos votos, contra 16,7% em 2009.
"Eu acredito que alcançaremos cerca de 23%", indicou à AFP seu líder, Helen Zille.
"A DA está claramente progredindo", revelou a líder de sua bancada parlamentar, Lindiwe Mazibuko.
O partido radical populista de Julius Malema, os Combatentes pela Liberdade Econômica (EFF), está em terceiro com 4,9%.
Acusado de corrupção e incompetência pela oposição, o CNA continua a ser o preferido de milhões de sul-africanos, que sentem que esta é a formação que representa Nelson Mandela, a quem devem a liberdade.
Mas a violência urbana no país mostra que o partido no poder não beneficia o mesmo estado de graça.
A África do Sul pós-apartheid continua sendo um país profundamente desigual, onde os brancos ganham, em média, seis vezes mais do que os negros, e onde são menos afetados pelo desemprego (menos de 7%, contra mais de 28%), onde continuam a ter melhor acesso à educação, que continua a ser crítica para a maioria da população.
O próximo governo deve criar empregos com urgência.
A taxa de desemprego é oficialmente de mais de 25% (mais de 28% para a maioria negra), sem mencionar as milhões de pessoas "desencorajadas" que deixaram o mercado de trabalho.
O dia de votação ocorreu, no geral, de forma pacífica. Um militante do CNA, no entanto, foi baleado perto de um colégio eleitoral em KwaDukuza (leste), na província de KwaZulu-Natal, onde brigas políticas fazem vítimas a cada ano.
Outra pessoa ficou ferida em um município em Durban.