Joe Biden, presidente dos EUA, durante comício em em Madison, Wisconsin em julho de 2024 (Saul Loeb/AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 8 de julho de 2024 às 12h03.
O presidente Joe Biden vive uma briga com alas do próprio partido para manter sua campanha à reeleição. E é um embate público, que entra em mais uma semana decisiva, pois a estratégia de Biden não parece estar sendo capaz de conter as dúvidas de seus aliados.
Nesta segunda, os deputados e senadores voltam ao Congresso após a folga de 4 de julho e poderão debater pessoalmente se Biden deve seguir na disputa.
Na terça, começa uma cúpula da Otan (aliança militar do Atlântico Norte), em Washington, e Biden receberá líderes estrangeiros. Ele terá mais uma chance de demonstrar vigor, mas será escrutinado em cada movimento, em busca de sinais de debilidade. Serão três dias de agenda cheia, com reuniões, jantar oficial e uma entrevista coletiva, prevista para quinta.
O presidente se antecipou e, logo no começo da manhã desta segunda, enviou uma carta pública aos congressistas democratas, na qual pede apoio e união. "Qualquer fraqueza de determinação ou falta de clareza sobre a tarefa à frente apenas ajuda Trump e nos prejudica. É hora de virmos juntos, avançarmos como um partido unificado e derrotar Donald Trump", escreveu Biden.
O democrata também deu uma entrevista ao programa Morning Joe, da TV MSNBC, e prometeu novamente derrotar o rival. "Eu venci da última vez. Eu vou vencer ele dessa vez. Ele é apenas um mentiroso, e não tem feito nada desde o debate", disse.
Nos últimos dias, Biden adotou a tática de falar mais em público e dar entrevistas, algo que fez pouco ao longo do mandato. Em todas elas, vem reafirmando sua vontade de seguir. "Deixe ser o mais claro que puder. Estou seguindo na corrida. Não vou deixar um debate de 90 minutos destruir três anos e meio de trabalho", disse, durante um comício na sexta, 6.
Horas depois na sexta, foi ao ar uma entrevista dele à TV ABC, em que disse que apenas "Deus todo poderoso" poderia tirá-lo da disputa. No domingo, houve mais um comício, na Pensilvânia, com novas promessas de seguir na campanha.
Ao mesmo tempo, cada vez mais democratas e seus aliados vêm a público questionar Biden. Reportagens da imprensa americana também relatam que as ações recentes de Biden, como os discursos e a entrevista na ABC não foram suficientes para dissipar as dúvidas.
O presidente, afinal, tem buscado ignorar pesquisas que mostram que ele perderia para Trump e que boa parte dos eleitores preferia ter outro candidato democrata.
Até agora, cinco democratas da Câmara apelaram publicamente a Biden para reconsiderar se segue na disputa, e mais congressistas expressaram preocupação a portas fechadas. No domingo, segundo o jornal The Washington Post, 24 lideranças democratas no Congresso fizeram uma reunião para debater o apoio a Biden, e houve divisão, com alguns deles defendendo a saída do presidente da disputa.
Também no domingo, o senador Chris Murphy, democrata de Connecticut, disse na CNN que o presidente precisa "fazer mais" e que esta semana será crítica.
“O presidente precisa se envolver num tipo de interação com os eleitores que prove aos céticos que ele pode fazer o trabalho”, disse Murphy. "Se ele não pode fazer isso, então ele tem uma decisão a tomar.”
Uma das principais questões agora para Biden é que não parece haver uma "bala de prata", uma solução simples que resolvesse todas as dúvidas. Novas aparições enérgicas de Biden não estão convencendo seus críticos no partido nem doadores em dúvida. Uma possível melhora será dada se o presidente conseguir números melhores nas pesquisas que vão sair nos próximos dias, sem o impacto do feriado de 4 de Julho. No entanto, um avanço tímido dará munição aos críticos, enquanto uma queda mais forte poderá ser mais uma pá de cal em uma candidatura que vive seu pior momento até agora.