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Análise: Kamala corrige erro crucial de Biden em debate e Trump cresce ao longo do programa

Candidatos fizeram primeiro encontro na TV na noite de terça-feira

Kamala Harris, durante debate na terça, 10

Kamala Harris, durante debate na terça, 10

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 11 de setembro de 2024 às 00h44.

Última atualização em 11 de setembro de 2024 às 01h41.

A vice-presidente Kamala Harris acertou em uma coisa importante em que o presidente Joe Biden errou ao debater contra o ex-presidente Donald Trump: manter a postura enquanto o rival falava. Em tempos que debates servem para gerar cortes para redes sociais, isso faz toda a diferença.

Em junho, Biden participou de um debate contra Trump que afundou sua campanha. Enquanto o republicano falava, o democrata fazia cara de perdido ou assustado, como se não notasse que estava no ar e que os espectadores estavam vendo suas reações ao vivo. Em seguida, ele passou a sofrer pressão para desistir da disputa, e acabou saindo semanas depois, dando o lugar na disputa para sua vice.

Já no debate desta terça, 10, Kamala parecia ter isso em mente o tempo todo. Enquanto Trump falava, a democrata fazia expressões variadas. Deu risada, demonstrou ironia, revolta e sarcasmo, em reações rápidas. Em alguns momentos, ela parecia se divertir, o que reforçava um dos lemas de campanha. Os democratas se colocam como "guerreiros felizes" e tentam pintar os republicanos como sérios e desanimados.

Do outro lado, Trump fazia cara fechada e mostrava desconforto ao ser pressionado sobre temas em que ele adota uma postura mais difusa, como o direito ao aborto. Kamala respondeu de forma clara que defendia o acesso ao procedimento, enquanto o rival disse que pretende deixar a questão aos estados. Em outro momento, o republicano não respondeu se torce por uma vitória da Ucrânia, disse apenas esperar que a guerra acabe.

Mais do que Kamala, os moderadores da ABC News buscaram pressionar Trump a dar respostas mais precisas e ainda disseram que frases deles eram mentira, em uma checagem de fatos em tempo real.

Em um dos momentos que devem viralizar, o republicano disse que imigrantes estavam comendo gatos e cachorros em Springfield, Ohio. Em seguida, o apresentador David Muir disse que isso não era verdade, segundo o governo da cidade. Trump insistiu que "viu relatos na TV", mas pareceu surpreso com o questionamento rápido ao que dizia.

Trump cresceu na reta final

No entanto, ao longo do programa, de mais de uma hora e meia, Trump foi saindo da defensiva e ampliando os ataques contra Kamala. Ele tentou vinculá-la de várias formas ao governo Biden, e Kamala foi rebatendo as acusações. "Claramente eu não sou Biden", disse a democrata. Mesmo assim, Trump insistiu no tema, literalmente até o fim. Em suas considerações finais, voltou a provocar: "Ela podia sair agora, ir para a linda Casa Branca, ao Congresso, e fazer as coisas que quer, mas não fez e não vai fazer", disse.

No segundo bloco, Trump pareceu mais à vontade, mesmo após ser questionado sobre sua participação no 6 de janeiro e se reconheceu a derrota na eleição de 2020. Em um comício recente, ele disse ter perdido por margem estreita. Perguntado sobre isso, disse que estava sendo irônico e manteve a argumentação mesmo sendo questionado de novo pelos apresentadores.

Dali em diante, o republicano foi falando de modo mais firme e seguro, com mais ataques à Kamala. O clima esquentou na reta final, com os dois candidatos tentando, e conseguindo, falar além do tempo e cortando os moderadores, que já não faziam tanto esforço para impor a ordem.

Ao final, a sensação era de que poucas propostas ficaram claras. Mas como em debates a imagem vale mais que o conteúdo, tanto Kamala quanto Trump terão momentos para destacar junto a seus eleitores. A dúvida é se esses cortes poderão atrair votos de eleitores indecisos, o público crucial nesta eleição.

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