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Guerra na Ucrânia: 'É um ponto de virada na ordem global', diz Ian Bremmer

Analista político afirma que invasão levará mais países a se unir à Otan e deve fazer Putin mais dependente da China

Veículos militares russos em direção à fronteira com a Ucrânia (Stringer/Anadolu Agency via/Getty Images)

Veículos militares russos em direção à fronteira com a Ucrânia (Stringer/Anadolu Agency via/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 24 de fevereiro de 2022 às 08h57.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2022 às 11h40.

Quais as consequências de curto e de médio prazo da invasão da Ucrânia pela Rússia? Nesses momentos, ouvir Ian Bremmer costuma ser uma boa. Presidente mundial da Eurasia, principal consultoria de risco político do planeta, Bremmer é um observador astuto do cenário global há décadas. E na madrugada desta quinta-feira, 24, publicou uma análise em sua conta no Twitter.

Abaixo separamos os principais trechos:

1- A estratégia russa

Putin iniciou uma operação militar especial que pode ser traduzida como guerra não provocada contra o povo inocente da Ucrânia. O presidente Zelensky deu um discurso extraordinário há algumas horas dizendo que a Ucrânia é vítima de uma grande campanha de desinformação, que apontava supostos genocídios perpetrados por ucranianos contra cidadãos russos. Todos completamente falsos, mas é a narrativa que Putin seguiu, e não é pensada para ser crível, é pensada para mostrar ao mundo que Putin demanda sua esfera de influência e que vai tomar todas as medidas que ele julgar necessárias. Eu quero ser claro, nas últimas semanas as únicas medidas desescalatórias foram as conversas de Putin com Biden, Macron e Scholz e ele mentiu que as tropas estavam recuando da fronteira ucraniana. Ele disse que não estava planejando uma invasão, e mentiu. Disse que haveria uma desescalada na tensão a não ser que fosse provocado pelo governo da Ucrânia, e mentiu.

2- As reações e as sanções

Claro que milhares de civis ucranianos vão morrer, e não vai haver uma defesa direta do governo ucraniano, os Estados Unidos já disseram isso diretamente. Como a Ucrânia não é membro da Otan, as tropas não estarão em terra. Veremos grandes sanções nas próximas 24 horas em transações financeiras, em acesso a tecnologia, em comércio. Veremos sanções individuais a membros da família de Putin e a grandes nomes do governo russo. Veremos mais ações coordenadas da Otan e mais viagens e ações nas bases da organização no mar Báltico.

3- Otan mais forte?

Veremos maiores intenções de países como Suécia e Finlândia de se unir à Otan, o que os russos diziam ser uma linha vermelha. Isso é um ponto de virada na ordem global como a conhecemos. É uma realidade provocada pela falta de liderança, o que facilita a impunidade de estados "vilões" e atores vilões na comunidade internacional. E não há estado mais vilão que a Rússia de Vladimir Putin, engajado em crimes contra a humanidade.

4- Dependência da China

As consequências de longo prazo serão uma grande dissociação de europeus, sobretudo os mais expostos a comércio e gás com a Rússia.  Os russos serão forçadaos a ser mais alinhados em transações financeiras, exportação de energia e tecnologia com a China. Uma posição de súplica, porque a China é mais poderosa por uma grande margem em termos de influência no cenário global. Putin não ficará feliz com isso, mas certamente ficará feliz com seus esforços de tentar reviver um império russo, o que começa com a destruição do governo da Ucrânia. O custo será imenso.

5- O fim da irrelevância

Estou muito triste com o que acontece hoje e diria que o único alívio de hoje é que Estados Unidos, Otan e União Europeia, e a aliança transatlântica, que foi irrelevante e sem propósito nas últimas duas décadas, hoje reconhece a imensa prioridade de seu valor e de seu alinhamento.

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