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Americanos que vivem no México temem reações a políticas de Trump

Os municípios do entorno do Chapala têm uma das maiores comunidades de americanos do México

Pessoas reagem à eleição de Trump em bar localizado no México no dia 09/11/2016 (Edgard Garrido/Reuters)

Pessoas reagem à eleição de Trump em bar localizado no México no dia 09/11/2016 (Edgard Garrido/Reuters)

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EFE

Publicado em 26 de janeiro de 2017 às 09h04.

Guadalajara - As ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de modificar as políticas econômica e migratória em relação ao México deixaram a comunidade americana que vive no estado de Jalisco, no país vizinho, temerosa quanto às consequências que elas possam trazer.

Terry Vidal, diretor-executivo da associação de cidadãos americanos radicados na região do Lago de Chapala, que fica em Jalisco, disse à Agência Efe que ele e os compatriotas que lá vivem estão "preocupados" não só com as ameaças de Trump, mas pela forma como o governo do México vai reagir.

"Nos dá medo pensar no que pode acontecer, porque o México também não vai encarar isso facilmente, e já há quem planeje um tipo de represália para resguardar seus próprios direitos. E nós não gostamos disso", afirmou o diretor da associação.

Vidal vive no México há quase uma década, casou-se com uma mexicana, fez sua vida no país vizinho e garante que os americanos em sua situação não querem um confronto, pois poderia dar margem a manifestações de ódio contra eles.

"Há uma grande possibilidade, mas nós também estamos com esperança de que tudo vai ficar bem", opinou.

Os municípios do entorno do Chapala têm uma das maiores comunidades de americanos do México, integrada em sua maior parte por pessoas da terceira idade.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Migração mexicano, 7.000 estrangeiros vivem na região, sobretudo no município de Ajijic, onde falar inglês é praticamente obrigatório para se comunicar bem.

No inverno, até 14.000 americanos e canadenses que fogem do frio se refugiam na cidade.

Mark Gulko deixou a Flórida com a esposa e se mudou indefinidamente para Ajijic há poucas semanas, apesar de a relação do México com seu país de origem ser incerta. Ele afirmou que não concorda com o discurso de Trump em relação aos mexicanos e os define como "pessoas maravilhosas".

Por outro lado, entende a possibilidade de que possíveis medidas contra imigrantes nos Estados Unidos gerem uma rejeição a tudo o que tenha a ver com seu país.

"Espero que não, espero que os mexicanos ou qualquer um que esteja descontente se deem conta de que nem todos os americanos temos os mesmos pontos de vista e pensamos como Trump", argumentou.

À distância, a comunidade americana em Jalisco acompanhou as eleições presidenciais de 8 de novembro e não deixou de manifestar de maneira pública seu descontentamento com o resultado.

"Acredito que é extremo o que Trump diz, que todos são criminosos e assassinos. Obviamente não concordo. Sou da Califórnia e tenho amigos mexicanos que estiveram nos Estados Unidos toda a vida de maneira ilegal e são boas pessoas", disse Tom Kaine, que mora em Jalisco há 13 anos.

Embora anualmente cheguem à ribeira do Chapala dezenas de novos aposentados americanos, os membros da associação temem que por causa dos problemas políticos muitos descartem o México como um lugar ao qual possam ir.

"Há uma grande possibilidade pela tensão entre Estados Unidos e México de que eles não queiram viver aqui e optem por Panamá, Equador ou outro lugar", concluiu Vidal.

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