Jorge Viana, presidente da Apex, no prédio da Organização das Nações Unidas em Nova York (Leandro Fonseca /Exame)
Agência de Notícias
Publicado em 7 de outubro de 2024 às 18h01.
A cooperação regional é decisiva para enfrentar desafios globais como a crise climática e apoiar o desenvolvimento de tecnologias limpas, especialmente na América Latina, uma região que, com sua rica biodiversidade e recursos naturais, pode liderar a transição ecológica global, segundo o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana.
Em entrevista à Agência EFE, ele destacou o compromisso da instituição em “fazer negócios que ajudem a salvar o planeta”.
De acordo com Viana, “um compromisso claro com a agenda da sustentabilidade pode gerar mais oportunidades para atrair mais investimentos em toda a região”.
“Esses tempos de mudanças climáticas, o desafio da insegurança alimentar e a transição energética nos obrigam a pensar que vivemos no mesmo planeta e precisamos pensar juntos sobre o futuro”, acrescentou Viana, que considera o Brasil um líder global nesse processo de transição ecológica.
“O Brasil lidera o G20, que reúne os países com as maiores economias do mundo, lidera os Brics, grupo formado por economias emergentes, e está voltando a um protagonismo do qual esteve ausente durante o governo de Jair Bolsonaro (2019-2002)”, acrescentou.
Viana observou que a China é o país que mais investe em energia limpa, com US$ 675 bilhões previstos para 2024, mas lembrou que o Brasil ocupou o sexto lugar mundial nesse tipo de investimento em 2023, com US$ 34 bilhões.
Além disso, de acordo com o relatório Energy Transition Investment Trends 2024, em 2023 o Brasil foi o terceiro país do mundo que mais atraiu investimentos em energias renováveis, com uma cifra de mais de US$ 25 bilhões.
“Este é um momento muito oportuno para o Brasil se destacar no cenário mundial, promovendo o desenvolvimento econômico sustentável e inclusivo diante da urgência imposta pela crise climática”, disse Viana.
Diante desse cenário, Viana ressaltou a importância da próxima conferência climática da ONU, a COP30, que será realizada em 2025 em Belém.
“A floresta viva, mas produtiva, será a grande mensagem da COP30. A ApexBrasil apoia a exploração da bioeconomia como alternativa para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, preservando a floresta, gerando empregos e garantindo a qualidade de vida das 30 milhões de pessoas que vivem na região”, disse.
Nesse sentido, ele ressaltou que o Brasil está trabalhando para que a COP30 tenha a maior e melhor participação de indígenas e outros povos tradicionais da Amazônia.
“O mercado internacional de produtos compatíveis com a floresta - com itens como castanha, café, cacau, artesanato e óleo de palma - já movimenta mais de R$ 150 bilhões por ano. Estamos trabalhando para ter uma política de crédito e ação que multiplique esse valor exponencialmente”, acrescentou.
Para promover as mudanças necessárias, Viana ressaltou a necessidade de incentivar o debate por meio da promoção de eventos como o II Fórum Latino-Americano de Economia Verde (FLEV), organizado pela Agência EFE com o patrocínio da ApexBrasil pelo segundo ano consecutivo.
O FLEV também conta com o patrocínio da Norte Energia, operadora de Belo Monte, quinta maior usina hidrelétrica do mundo, e com o apoio da Câmara Espanhola de Comércio no Brasil e da Vivo.
Para Viana, “a presença da sociedade civil é fundamental para garantir que as ações do governo reflitam as necessidades e interesses da população e das empresas brasileiras”.
“A ApexBrasil está comprometida com esse caminho para que o país ganhe o mundo, e de forma sustentável”, concluiu.