'Há lavagem de dinheiro, preocupantes índices de corrupção local e uma grande violência como resultado', disse a presidente do organismo (divulgação)
Da Redação
Publicado em 2 de março de 2012 às 15h39.
Bogotá - Os países da América Latina lutam desunidos contra a corrupção oriunda do narcotráfico, a máxima expressão do crime internacional que a região sofre, afirmou em entrevista à Agência Efe a presidente da organização civil Transparência Internacional (TI), Huguette Labelle.
A ativista canadense expressou desta forma sua preocupação com o problema durante o 'Encontro Latino-Americano de Luta Contra a Corrupção Transnacional', que termina nesta sexta-feira em Bogotá após dois dias de debates.
'Acho que não há uma verdadeira união de interesses entre os países da região para trabalhar juntos e combater a lavagem de dinheiro, abordar o assunto das drogas e assegurar que as pessoas estejam bem protegidas', lamentou Huguette.
Para a presidente do organismo, referência global em análise de transparência, é urgente que todas as nações trabalhem 'juntas, como um só Estado', pois 'não adianta que cada país oculte a situação e trabalhe por sua conta'.
Huguette apontou o narcotráfico como o 'grande problema' da região latino-americana, que afeta 'cada país de uma forma distinta', já que há países andinos produtores de droga, como Colômbia, Peru e Bolívia, que sofrem consequências diferentes das verificadas nas nações distribuidoras, entre as quais citou o México.
Mas independentemente de cada realidade, a praga é a mesma: 'Há lavagem de dinheiro, preocupantes índices de corrupção local e uma grande violência como resultado'.
Nesse sentido, afirmou que há países que têm um bom manejo na luta contra a corrupção, como é o caso de Chile e Brasil e recentemente a Colômbia, apesar de sofrer em maior grau as consequências do narcotráfico, pois continua sendo o principal produtor de cocaína do mundo.
Em seu Índice de Percepção da Corrupção 2011, a TI destaca que em uma escala de zero (muito corrupto) a 10 (muito transparente), o Chile, com 7,2, ocupa a 22ª colocação entre os 183 países analisados, enquanto a Venezuela, com 1,9, está no fim da fila, no 172º lugar. O Brasil obteve o índice 3,8, acima da China.
Para reverter os números da América Latina, Huguette apostou em envolver na vigilância de práticas corruptas todas as instituições governamentais, mas também a academia, o setor empresarial e os meios de comunicação.
'Cada cidadão de cada país deve chegar à conclusão de que não precisa tolerar a corrupção, porque esta não é a norma', disse, enfatizando que é fundamental 'fugir da cultura do suborno'.