Mundo

América do Sul busca medidas contra turbulência global

Embora suas perspectivas econômicas sejam bastante otimistas, a América Latina enfrenta volatilidade nos seus mercados financeiros

Bandeiras do Mercosul: No que diz respeito ao diálogo político e à cooperação, as instituições conseguiram avanços em diversas áreas
 (Norberto Duarte/AFP)

Bandeiras do Mercosul: No que diz respeito ao diálogo político e à cooperação, as instituições conseguiram avanços em diversas áreas (Norberto Duarte/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de agosto de 2011 às 23h26.

Lima - O Brasil e seus vizinhos buscavam na sexta-feira mecanismos conjuntos que lhes imunizassem contra as turbulências financeiras, enquanto crescem as preocupações de que piore a crise nos Estados Unidos e na Europa.

Embora suas perspectivas econômicas sejam bastante otimistas, a América Latina enfrenta volatilidade nos seus mercados financeiros, refletindo os problemas dos países desenvolvidos, e tem de lidar com uma onda de capitais financeiros sedentos por rendimentos, o que fez suas moedas se valorizarem além do que é considerado saudável.

"Os países (da região) têm de estar preparados para as consequências que podem ocorrer, temos de estar unidos para criar mecanismos de resposta a esta situação", disse o ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, num encontro de ministros da Fazenda da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), em Lima.

Os ministros disseram que a região está bem preparada para resistir a uma eventual crise global. "A crise de confiança está no norte, não no sul", disse o representante peruano, Luis Miguel Castilla.

Mesmo assim, a região busca medidas conjuntas, como a redução de barreiras comerciais entre os países e reformas financeiras de âmbito regional, segundo Castilla.

A maioria dos países sul-americanos está com suas reservas de dólares em níveis recordes, mas os ministros disseram que não descartam recorrer ao Fundo Latino-Americano de Reservas (Flar) e à Corporação Andina de Fomento (CAF) para financiar eventuais déficits na balança de pagamento.

Os ministros disseram que não anunciarão passos concretos antes da sexta-feira que vem, quando haverá uma reunião de presidentes de bancos centrais e ministros da Fazenda na Argentina.

As polpudas reservas em dólares -- que permitiram gastar dinheiro para incentivar as economias --, junto à forte disciplina fiscal, ajudou a América Latina a sair quase ilesa da crise global de 2008. Três anos depois, esse cenário se mantém.


"Os países latino-americanos estão muito preparados para um possível agravamento da crise", disse Mantega.

Dinheiro quente

A região também tem recebido cataratas de capital financeiro do exterior, que chega atraído por maiores rendimentos e por perspectivas de um maior crescimento econômico do que nos países desenvolvidos.

Mas agora, com os problemas da dívida nos EUA somando-se à incertezas na zona do euro, especialistas acham que a tendência pode se tornar mais aguda.

Um eventual rebaixamento na qualificação da dívida soberana dos EUA despertaria desconfianças e deixaria o dólar mais debilitado. Com sede de rendimentos, os investidores poderiam apostar mais na região.

"Estamos em mares muito agitados", disse o ministro colombiano da Fazenda, Juan Carlos Echeverry, durante o encontro. "Esse é o momento para a América do Sul atuar em grupo, é necessário que tenhamos uma reflexão conjunta, para solidificar nossas economias frente a eventos difíceis."

Vários países latino-americanos já aplicaram medidas para frear a valorização das suas moedas -- desde compra de divisas até impostos sobre investimentos --, mas sem o resultado esperado.

O real, por exemplo, valorizou-se 33 por cento frente ao dólar desde 2008. Isso deixa o país menos competitivo no cenário internacional, dificultando suas exportações.

De todos os países, o Brasil foi o que adotou as medidas mais agressivas.


Compulsórios bancários, impostos sobre a compra de títulos locais por estrangeiros, leilões de swaps cambiais reversos, impostos sobre derivativos cambiais, compra de divisas e um plano para ajudar a indústria exportadora -- nada disso impediu que o real alcançasse sua maior cotação frente ao dólar em 12 anos.

Outros países, como Chile, Colômbia e Peru -- os mais abertos da região ao mercado global -- adotaram medidas mais ortodoxas, como a compra de dólares no mercado cambial, em alguns casos em níveis históricos.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaEstados Unidos (EUA)MercosulPaíses ricos

Mais de Mundo

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde

Cristina Kirchner perde aposentadoria vitalícia após condenação por corrupção

Justiça de Nova York multa a casa de leilões Sotheby's em R$ 36 milhões por fraude fiscal

Xi Jinping inaugura megaporto de US$ 1,3 bilhão no Peru