Colheita de dendê na Amazônia: senador Tião Viana defende uma "economia florestal" (Manoel Marques/VEJA)
Da Redação
Publicado em 25 de novembro de 2010 às 15h46.
Belém - O modelo de desenvolvimento para a Amazônia que considerava a floresta como um obstáculo para o crescimento econômico da região está ultrapassado, mas a consolidação de alternativas sustentáveis precisa de investimentos permanentes. “Não podemos voltar ao modelo antigo, do desmatamento, que não deu certo. Temos que olhar um novo modelo e dar escala a ele”, defendeu hoje (25) o pesquisador do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) Adalberto Veríssimo durante encontro anual do Fórum Amazônia Sustentável.
O ex-governador e senador eleito pelo Acre, Tião Viana (PT), disse que sem uma “economia florestal”, nem a tendência de queda do desmatamento da região será revertida em benefícios para os moradores da região. “Com a queda do desmatamento pode ser que a vinda de recursos fique ainda mais escassa, porque diminuirá a pressão da sociedade. Ainda é muito fácil captar recursos para projetos insustentáveis. O crédito está no século passado”, comparou.
Viana defendeu mudanças na legislação para dar escala a investimentos sustentáveis e aumentar as compensações que os estados da região recebem pelo uso dos recursos naturais.
“Temos que trabalhar para que quem vive das cidades também se beneficie do uso de recursos naturais na Amazônia”, avaliou Viana. O senador disse que pretende retomar no Congresso a discussão do FPE Verde [Fundo de Participação dos Estados], projeto da senadora Marina Silva, que cria uma reserva de recursos para estados que tenham unidades de conservação e terras indígenas em seus territórios.
O vice-governador eleito do Pará, Helenilson Gomes, argumentou que o atual modelo regulatório não permite que os lucros da exploração das riquezas extraídas das florestas se traduzam em desenvolvimento para a região. “O Pará é o 13° PIB [Produto Interno Bruto] do país, principalmente por causa da mineração, mas é o sexto estado mais pobre. Temos 2,8 milhões de paraenses que vivem abaixo da linha da pobreza.”
Segundo Veríssimo, do Imazon, a substituição do modelo tradicional de exploração da Amazônia por uma economia que valorize a floresta e os serviços ambientais da biodiversidade demanda investimentos de cerca de R$ 20 bilhões por ano para serem aplicados em pesquisa e medidas como ordenamento fundiário e melhoria da capacidade de gestão dos estados.