O médico da ONG Médicos Sem Fronteiras pediu às autoridades que concedam um porto de segurança ao qual possam ser levados os imigrantes em pior situação médica (Karpov/Reuters)
EFE
Publicado em 11 de junho de 2018 às 10h30.
Roma - David Beversluis, um dos médicos da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) a bordo do Aquarius, o navio que Itália e Malta estão impedindo de atracar, afirmou em entrevista com a Agência Efe que a partir amanhã não haverá "comida suficiente" para os 629 imigrantes que estão a bordo.
Beversluis afirmou que "há água e alimentos para todos, mas não haverá o suficiente para amanhã" e "isso é o mais importante" neste momento.
O médico pediu às autoridades que concedam o mais rápido possível um porto de segurança ao qual possam ser levados alguns imigrantes em situação médica mais vulnerável.
O membro da equipe da MSF explicou que neste momento a situação dos imigrantes é "estável", mas advertiu que pode se "degenerar", pois já são muitos dias de navegação desde que foram resgatados no último sábado, e a capacidade do navio não é suficiente para estar tanto tempo no mar com tantas pessoas.
Por enquanto, a maioria dos imigrantes apresenta sintomas de cansaço e desidratação e enjoos que a equipe do navio pode atender, disse Beversluis. No entanto, o médico advertiu que a situação pode piorar se a condição de "aglomeração e estresse" continuar por muito mais tempo.
A maior preocupação é com alguns imigrantes em situação mais vulnerável, como as sete mulheres grávidas e também "15 pessoas com queimaduras químicas sérias no corpo devido à mistura de água do mar e gasóleo durante a travessia".
Beverluis afirmou que, por enquanto, nenhuma das situações requer uma evacuação urgente, mas que é necessário "um atendimento médico mais avançado, já que alguns dos imigrantes apresentam fraturas".
"Acreditamos que teriam que ser operados nos próximos dias e está claro que não podemos fazer isso aqui", disse o médico, que reiterou a necessidade de uma resposta rápida por parte da Itália ou de Malta.
O médico explicou que os imigrantes se perguntam por que estão parados e "não sabem o que está acontecendo", mas todos mantêm a esperança de que "vão a chegar à Europa, embora nenhum de nós saiba onde".
Por enquanto, a Itália continua negando um porto ao navio, que se encontra retido a 35 milhas da Itália e a 27 de Malta, e reivindicou às autoridades maltesas que se responsabilizassem barco, o que deu início a esta queda de braço.
Malta afirma que Aquarius não é a responsabilidade, pois o resgate aconteceu no mar territorial da Líbia e foi coordenado por Roma.
No navio viajam 629 imigrantes, entre os quais há 123 menores não acompanhados, 11 deles crianças pequenas, e sete mulheres grávidas.