A Opep defende que o preço do barril de petróleo fique entre US$ 70 e US$ 80 (Spencer Platt/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 5 de janeiro de 2011 às 16h03.
Londres - Os altos preços do petróleo podem desbaratar a recuperação econômica internacional, segundo a Agência Internacional da Energia (AIE), que pediu à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) que aumente a produção para frear o encarecimento do produto.
Em uma análise divulgada nesta quarta-feira pelo jornal "Financial Times" ("FT"), a AIE indica que, no último ano, os custos derivados da importação de petróleo para os países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) passaram de US$ 200 bilhões para US$ 790 bilhões, devido ao aumento do preço da commodity.
Este aumento é equivalente a uma perda de receitas em torno de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) da OCDE, segundo a agência.
"Os preços do petróleo estão entrando em uma zona perigosa para a economia global", declarou ao "FT" Fatih Birol, economista-chefe deste organismo internacional.
"As contas pela importação do petróleo estão se transformando em uma ameaça para a recuperação econômica. É uma chamada de atenção para os países consumidores de petróleo e para os países produtores", destacou.
Os preços do petróleo se aproximaram nas últimas semanas dos US$ 100 por barril, impulsionados pelos crescentes indícios de que a recuperação econômica está se consolidando.
Apesar da pressão da AIE, por enquanto a Opep decidiu manter suas cotas.
Há um mês o ministro de Petróleo da Arábia Saudita, Ali Al-Naimi, declarou que o objetivo da Opep é ter um barril entre US$ 70 e US$ 80. Segundo ele, não está previsto que o grupo convoque uma reunião extraordinária para discutir o atual aumento de preços.
O economista-chefe da AIE indicou, no entanto, que "a ninguém interessa ver preços tão altos" e lembrou que "os exportadores de petróleo precisam de clientes com economias saudáveis".
"Esses preços altos, antes ou depois, farão adoecer as economias, o que significaria uma menor necessidade de importar petróleo", explicou.