Um peixe nada em um recife de coral perto de Key West, Flórida, em 13 de julho de 2023 (AFP/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 29 de julho de 2023 às 15h08.
Última atualização em 29 de julho de 2023 às 15h08.
O sul da Flórida, nos Estados Unidos, enfrenta uma catástrofe. Ao longo da extensa costa de recifes do arquipélago Florida Keys, dezenas de pesquisadores trabalham contra o tempo para resgatar os corais dos recifes, que correm o risco de morrer devido ao grande aumento da temperatura do oceano.
Funcionários de organizações locais navegaram diariamente, nas últimas duas semanas, até os viveiros que instalaram no mar, a fim de coletar amostras de cada espécie de coral antes que seja tarde demais.
O objetivo é mantê-los a salvo em diversos laboratórios da região, onde serão conservados em tanques com água salgada na temperatura ideal para eles.
Esses seres vivos sobrevivem entre as temperaturas de 21 e 28,8 ºC, explicou o coordenador de tecnologia da ONG Coral Restoration Fundation, Alex Neufeld.
Mas se o mar está quente demais, os corais expulsam as zooxantelas - algas que vivem em seus tecidos e fonte de alimentação, energia e coloração.
Os corais ficam brancos quando isso acontece, um sinal de que correm risco de vida caso a condição do ambiente não mude.
As temperaturas da água no estreito da Flórida ultrapassaram os 32 ºC há dias. A baía Manatee bateu seu recorde na segunda-feira e atingiu 38,38 ºC.
"A água morna não é boa para nenhum organismo marinho, sejam corais, peixes, lagostas", diz Neufeld. "Portanto, corremos o risco de ver mortes em massa de peixes, tartarugas marinhas" e outras espécies.
A magnitude do branqueamento dos corais e o fato de ter ocorrido tão cedo, com grande parte do verão ainda por vir, são as maiores preocupações dos cientistas.
O recife da Flórida, um dos maiores do mundo, se estende por cerca de 580 quilômetros das Ilhas Dry Tortugas - 110 quilômetros a oeste de Keys - até St. Lucie Inlet, a quase 200 quilômetros ao norte de Miami.
Seu papel no meio ambiente é fundamental. Além de ser o habitat de diversos animais marinhos, constitui uma das principais barreiras de proteção contra furacões e ressacas.
Brian Branigan, um capitão de 65 anos e dono de uma empresa de aluguel de barcos em Big Pine Key, uma região do arquipélago, é uma testemunha da degradação diária dessa barreira de recifes.
"O que aconteceu nas últimas duas semanas é terrível, chocante. Eu queria chorar enquanto estava na água, mergulhando", diz ele, enquanto pilota uma lancha para o recife Looe Key, a cerca de 10 km da costa.
Ali, a poucos metros da superfície do mar, nadam barracudas, peixes-papagaio e peixes-cirurgião no local do desastre. Ao lado, os normalmente coloridos corais do recife são agora uma enorme mancha branca.
Negócios como o dele, que levam turistas para pescar ou mergulhar, dependem muito da sobrevivência dos recifes de corais.
"Estamos preocupados com o impacto pessoal e financeiro. Tenho certeza de que isso terá alguma consequência negativa, até mesmo catastrófica", lamenta Branigan.
De acordo com o Escritório Nacional de Gerenciamento Oceânico e Atmosférico, os recifes de corais da Flórida geram US$ 2 bilhões (R$ 9,4 bilhões) em receita local e 70.400 empregos, em período integral ou meio período.