Manifestante com a bandeira da Venezuela durante um protesto contra o governo de Nicolás Maduro (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
Da Redação
Publicado em 31 de julho de 2014 às 22h22.
Caracas - O secretário-executivo adjunto da Mesa da Unidade Democrática (MUD), Ramón José Medina, renunciou a seu cargo nesta quinta-feira acompanhando a decisão do até ontem principal porta-voz da aliança opositora venezuelana, Ramón Guillermo Aveledo.
"Entendo que quando um ciclo é concluído, é preciso ter plena consciência disso. Estamos abonando o caminho para que outros tomem o lugar, sem que isso signifique nos desvincular da política", disse Medina em carta dirigida a Aveledo, que ontem abandonou o cargo de secretário-executivo da MUD.
Na carta, o político afirma que não só compartilha da decisão de Aveledo, como "adere" a ela "com todas suas consequências".
Medina declarou também que continuará trabalhando "em outros frentes" para conseguir "as mudanças que o país requer", e garantiu que seguirá "fortalecendo a MUD", pois "fracioná-la, dividi-la ou enfraquece-la seria criminoso e só serviria para alongar a agonia deste governo", e informou que foram muitos "insultos e agressões" que tanto Aveledo quanto ele receberam "nestes tempos".
Medina foi duramente criticado no começo do mês por vários companheiros da MUD quando disse durante uma entrevista que a aliança opositora não tinha planos para tirar o dirigente do partido Vontade Popular (VP), Leopoldo López, da prisão porque "o único que inventou o plano para estar na prisão foi ele mesmo".
Posteriormente, o dirigente da MUD se desculpou por sua declaração "impertinente" e a "piada de mau gosto", mas o Vontade Popular recebeu as palavras com indignação e exigiu sua renúncia do cargo.
Antes deste episódio, a oposição venezuelana já tinha manifestado divergências internas abertas após a decisão do VP e algumas figuras políticas de acompanhar "La Salida" (A Saída), uma iniciativa para exigir nas ruas o fim do governo de Nicolás Maduro que desembocou nos protestos que ocorreram no começo do ano.
Além de um balanço de mais de 40 mortos, os protestos deixaram vários estudantes e opositores detidos, entre eles, Leopoldo López. Ele é processado pelos incidentes violentos de 12 de fevereiro, quando três pessoas morreram e as manifestações começaram.
Aveledo anunciou ontem sua renúncia afirmando que não quer ser uma "desculpa" para gerar polêmica entre as forças contrárias ao governo.