Carles Puigdemont: líder catalão fez uma declaração simbólica de independência na terça-feira, mas a suspendeu segundos depois e pediu negociações com Madri (Yves Herman/Reuters)
Reuters
Publicado em 13 de outubro de 2017 às 08h53.
Madri - O líder da Catalunha, Carles Puigdemont, sofreu pressão nesta sexta-feira de um de seus principais aliados para declarar a independência plena e ignorar uma ameaça de tomada de controle por parte do governo da Espanha.
Puigdemont fez uma declaração simbólica de independência na terça-feira, mas a suspendeu segundos depois e pediu negociações com Madri.
O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, lhe deu até segunda-feira para esclarecer sua posição e até quinta-feira para mudar de ideia se insistir em uma separação, ameaçando suspender a autonomia da região neste caso.
Mas o grupo político catalão de extrema-esquerda Candidatura de Unidade Popular (CUP) pediu que Puigdemont confronte os prazos e faça uma declaração de independência inequívoca.
"Se (o governo central de Madri) quer continuar a nos ameaçar e amordaçar, deveria fazê-lo com a República que já foi reivindicada", disse o partido.
O CUP só tem 10 dos 135 assentos do Parlamento catalão, mas o governo de minoria de Puigdemont depende de seu apoio para aprovar legislações e não pode vencer uma votação majoritária na casa sem ele.
A intenção da região rica de se separar depois de um referendo mergulhou o país em sua maior crise política desde um golpe militar fracassado em 1981.
Fontes próximas do governo da Catalunha disseram que Puigdemont e sua equipe estão trabalhando em uma resposta a Rajoy, mas não quiseram dizer que linha ele pode adotar.
O comunicado do CUP ecoa a posição expressada no final de quinta-feira pelo influente grupo cívico pró-independência Assembleia Nacional Catalã, que disse: "Dada a posição negativa da Espanha para um diálogo, pedimos ao Parlamento regional que anule a suspensão (da declaração de independência)".
Mas o líder do partido de Puigdemont, Artur Mas, que serviu como presidente da região até 2016 e ainda tem reputação de influenciar decisões importantes, disse nesta sexta-feira que declarar independência não é o caminho a seguir.
"Se um Estado se proclama independente e não consegue atuar como tal, é uma independência meramente estética", afirmou ao canal de televisão catalão TV3.
A União Europeia, os Estados Unidos e a maioria das outras potências mundiais deixaram claro que querem que a Catalunha permaneça na Espanha.