Aleppo: maior cidade da Síria se tornou a principal frente de combate na guerra. Civis são as maiores vítimas (REUTERS)
Gabriela Ruic
Publicado em 20 de outubro de 2016 às 11h15.
Última atualização em 20 de outubro de 2016 às 11h27.
São Paulo – Uma das cidades mais afetadas pela guerra na Síria, Aleppo está arruinada. Nesta quinta-feira, uma série de fotos de satélite e um vídeo registrado por um drone foram divulgadas pela organização não governamental Anistia Internacional e revelam a intensidade dos bombardeios e os horrores desse conflito.
A compilação dessas imagens faz parte de um relatório produzido pela entidade e divulgado hoje em razão de um encontro da Assembleia Geral da ONU em Nova York e na qual a situação do país será debatida.
A Anistia acusa o regime Sírio e a Rússia de atacarem locais como escolas e hospitais deliberadamente e de usarem bombas de fragmentação. A proibição do uso e produção desses artefatos vem sendo extensamente debatida mundo afora em um tratado internacional adotado em 2008, do qual fazem parte 100 países, incluindo 19 signatários.
Maior cidade do país, Aleppo hoje é palco de intensos embates diários entre tropas do governo de Bashar al-Assad e insurgentes que buscam a sua deposição. Desde o fracasso do cessar-fogo acertado entre Síria, Rússia, Estados Unidos e grupos rebeldes em setembro, o número de mortos não para de subir.
Só nos últimos 30 dias, 600 bombardeios foram registrados em Aleppo e 400 civis morreram em decorrência desses atos. Em apenas uma semana, constatou a Anistia, 90 locais da cidade foram danificados ou inteiramente destruídos, 14 centros médicos foram alvo de ataques aéreos e ao menos 800 pessoas buscaram assistência médica em razão de ferimentos.
Entre os civis, o sentimento é de desesperança e insegurança. Pessoas entrevistadas pela entidade relataram o clima de terror que vivem diariamente e o medo de perder os poucos entes queridos que lhes restam.
“Sempre que vejo uma mulher ou uma criança ferida, imagino que poderia ter sido eu ou meu filho”, contou uma delas. “Nenhum lugar aqui é seguro”, continuou ela. “Vivi em Aleppo a minha vida inteira”, relatou outra pessoa, “perdi minha filha há seis dias. Uma bomba caiu na frente do prédio onde ela brincava. Não consigo lembrar as últimas palavras”, lamentou.
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