Merkel falando ao celular: EUA confirmou ter grampeado as telecomunicações da aliada. Merkel classificou episódio como "quebra de confiança" (Yves Herman/Reuters)
Da Redação
Publicado em 26 de outubro de 2013 às 14h26.
Berlim - Chefes de espionagem alemães vão viajar para os EUA na próxima semana para exigir respostas sobre alegações de que a inteligência norte-americana monitorou o celular da chanceler alemã, Angela Merkel.
Documentos vazados há poucos meses pelo ex-colaborador da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) Edward Snowden, mostrando que os EUA espionaram buscas de internet e registros telefônicos de cidadãos comuns, causaram indignação mundial.
O furor, no entanto, ganhou força após alegações de que líderes mundiais, incluindo os presidentes do Brasil e México, também foram vítimas de espionagem.
O escândalo se ampliou para a Europa nesta semana, após surgirem acusações de que o telefone de Merkel foi espionado. Numa atitude incomum, Berlim decidiu convocar o embaixador norte-americano para pedir esclarecimentos.
"Representantes de alta patente do governo irão rapidamente para os EUA para acelerar as discussões com a Casa Branca e a NSA sobre as alegações levantadas recentemente", afirmou ontem Georg Streiter, vice-porta-voz de Merkel.
A imprensa alemã, citando fontes próximas ao serviço de inteligência, divulgou neste sábado que a delegação incluirá altos oficiais do serviço secreto alemão.
Na quarta-feira, Merkel telefonou ao presidente dos EUA, Barack Obama, e disse que a suposta espionagem seria "uma quebra de confiança" entre parceiros internacionais.
O escândalo de espionagem levou líderes europeus a exigirem um novo acordo com Washington para a coleta de informações de inteligência, que manteria alianças essenciais e, ao mesmo tempo, o combate ao terrorismo.
Além disso, Alemanha e Brasil estão trabalhando numa resolução na Assembleia Geral da ONU para destacar a indignação internacional com atividades de espionagem dos EUA em outros países, segundo informaram diplomatas ontem. A resolução não citaria os EUA diretamente, mas estenderia o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos para atividades na internet.
"O objetivo da resolução é mandar uma mensagem para aqueles que abusam do sistema", afirmou um diplomata envolvido nas discussões.