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Alemanha vai às urnas com economia estagnada e indústria automotiva em crise

PIB alemão acumula dois anos de recessão, enquanto setor automotivo sofre com concorrência chinesa

Linha de montagem da fabricante alemã de carros da Volkswagen em Zwickau (AFP Photo)

Linha de montagem da fabricante alemã de carros da Volkswagen em Zwickau (AFP Photo)

EFE
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Agência de Notícias

Publicado em 18 de fevereiro de 2025 às 11h48.

Última atualização em 18 de fevereiro de 2025 às 11h49.

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A Alemanha chega às eleições deste domingo com o desafio de retomar o crescimento após dois anos de recessão. A indústria automotiva, um dos pilares da economia alemã, sofre com a concorrência chinesa e os altos custos de energia.

O PIB alemão caiu 0,3% em 2023 e 0,2% em 2024. Duas contrações consecutivas não ocorriam desde os anos em que o país era conhecido como o “doente da Europa”. Esse apelido surgiu no governo do social-democrata Gerhard Schröder, quando a economia recuou 0,2% em 2002 e 0,5% em 2003.

Os principais partidos políticos reconhecem o problema e tratam a crise econômica como o maior desafio do país. Por isso, suas propostas para reverter a situação ocupam o primeiro capítulo dos programas eleitorais da União Democrata-Cristã (CDU), da Alternativa para a Alemanha (AfD), do Partido Social-Democrata (SPD) e dos Verdes.

Cortes, impostos e intervencionismo

Diante da crise, a CDU defende a redução de impostos, enquanto o SPD propõe maior tributação sobre empresas e aumento dos gastos sociais, caso volte a liderar o governo, segundo o economista Hubertus Bardt, do Instituto para a Economia Alemã (IW).

A CDU, favorita nas pesquisas, pretende cortar despesas, mas não detalha onde aplicaria essas reduções. A burocracia também é apontada como um entrave econômico, e os partidos mais bem posicionados nas pesquisas prometem combatê-la. No entanto, Bardt destaca que, nos últimos três anos, pouco foi feito nesse sentido, o que enfraquece a credibilidade dos social-democratas.

Para ele, os Verdes também perderam credibilidade diante da crise. No governo de Olaf Scholz, o ministro da Economia, Robert Habeck, do partido ecologista, tem sido criticado por sua gestão nos dois anos de recessão. A legenda defende um programa de crescimento baseado em maior intervenção estatal, aumento de impostos e expansão dos gastos sociais.

Já a AfD propõe soluções consideradas caóticas por especialistas, como a saída do euro e o abandono das políticas climáticas, medidas que geram incerteza para as empresas.

Um modelo econômico fragilizado

O cenário econômico alemão é agravado pela guerra na Ucrânia e pelas tensões comerciais globais, intensificadas pelo retorno de Donald Trump à política dos EUA. Alguns economistas argumentam que o modelo econômico alemão está “quebrado”.

O setor automotivo, que representa 26,8% do PIB, ilustra essa crise. O aumento dos custos de energia impacta a indústria, e a aposta dos fabricantes alemães na eletrificação se mostra insuficiente diante da concorrência chinesa. Empresas como BYD e MG expandiram sua presença na Europa, pressionando montadoras tradicionais.

No outono passado, o Grupo Volkswagen anunciou uma reestruturação que levará ao corte de 35 mil empregos até 2030. Enquanto isso, oficinas independentes ainda conseguem manter sua atividade, mas temem o agravamento da crise.

Desde o início do governo Scholz, em 2021, cerca de 50 mil empresas alemãs declararam insolvência, evidenciando os desafios enfrentados pela maior economia da Europa.
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