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Alemanha reduz previsão de déficit e quer ser exemplo

Documento mostra que déficit deve ser de 65 bilhões de euros, 15 bilhões a menos do que o esperado

Rainer Brüderle, ministro de Economia da Alemanha: país reduziu previsão de déficit (AFP/Georges Gobet)

Rainer Brüderle, ministro de Economia da Alemanha: país reduziu previsão de déficit (AFP/Georges Gobet)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

 

Berlim- O déficit público da Alemanha nos próximos anos será muito mais baixo que o previsto, segundo um documento do governo alemão, que vê reforçada sua posição de defensor do rigor orçamentário na Europa.

Segundo as projeções para as contas públicas nos próximos cinco anos, ao qual a AFP teve acesso nesta segunda-feira, o déficit orçamentário do Estado federal alemão será em 2010 de 65 bilhões de euros (em torno de 81 bilhões de dólares), no lugar dos 80 bilhões de euros previstos anteriormente.

A situação se repetirá em 2011, ano para o qual se espera agora um déficit de 57,5 bilhões de euros, contra 76,6 bilhões de euros projetados anteriormente.

O déficit deverá reduzir-se de forma progressiva até alcançar 24,1 bilhões de euros em 2014, conforme as metas de saneamento das finanças públicas inscritos na lei federal, a Constituição alemã.

A redução do déficit explica-se, em primeiro lugar, pela extraordinária saúde do mercado de trabalho, que permitirá à Alemanha economizar no ano que vem ao menos 10 bilhões de euros destinados ao seguro-desemprego.

O ministro da Economia, Rainer Brüderle, fala inclusive de um "milagre do emprego".

O índice de desemprego está atualmente em 7,5% na Alemanha, onde as usinas, orientadas de preferência para a exportação, trabalham a pleno vapor graças à reativação da economia internacional.


Sutentado por essas boas cifras, o governo aproveita para, em seu planejamento orçamentário, dar um pequeno sermão nos outros países europeus.

"Nos próximos meses, os países da zona do euro - e os demais - deverão tomar definitivamente o caminho da consolidação dos orçamentos estatais", afirma o texto.

"A Alemanha desempenhará nesse contexto um papel de modelo na zona do euro", completou.

A questão poderá provocar tensão na Europa, já que o objetivo adotado pela Alemanha irrita certos sócios europeus, que prefeririam sustentar um pouco mais a reativação econômica, ainda frágil.

O debate não é apenas europeu: os Estados Unidos criticam regularmente a austeridade alemã.

Os mais céticos frente à política orçamentária alemã poderão consolar-se constatando que as previsões do governo se baseiam em algumas cifras hipotéticas.

A primeira dessas cifras é a do crescimento, para o qual o governo alemão se baseia em estimativas consideradas realistas pelos economistas (+1,4% em 2010, +1,6% em 2011), apesar do fato de, em caso de nova recessão mundial, a primeira economia europeia, muito dependente do comércio exterior, seria a mais afetada.

Por outro lado, as previsões orçamentárias consideram receitas fiscais ainda inexistentes, como um imposto às transações financeiras a partir de 2012 ou um imposto à energia nuclear a partir de 2011.

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