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Alemanha lembra massacre nos Jogos de Munique

Muitos convidados usavam óculos escuros e secavam as lágrimas na cerimônia ecumênica que marcava a data e reavivou discussões sobre tais acontecimentos

Ankie Spitzer, víuva de uma vítima de Munique, discursa em Fuerstenfeldbruck: quarenta anos depois, o episódio ainda causa polêmica (©AFP / Guenter Schiffmann)

Ankie Spitzer, víuva de uma vítima de Munique, discursa em Fuerstenfeldbruck: quarenta anos depois, o episódio ainda causa polêmica (©AFP / Guenter Schiffmann)

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Da Redação

Publicado em 5 de setembro de 2012 às 18h13.

Fuerstenfeldbruck - Parentes, sobreviventes e políticos prestaram uma homenagem, nesta quarta-feira, aos 11 israelenses mortos nos Jogos Olímpicos de Munique-1972, no mesmo local onde ocorreu o massacre há 40 anos.

Cerca de 600 convidados passaram pelo crivo da segurança para participar da cerimônia na base aérea de Fuerstenfeldbruck, oeste de Munique, onde os reféns de membros do grupo extremista palestino conhecido como "Setembro Negro" tiveram seu fim trágico.

Muitos convidados usavam óculos escuros e secavam as lágrimas na cerimônia ecumênica que marcava a data e reavivou discussões sobre tais acontecimentos.

Sob um céu nublado com bandeiras hasteadas a meio mastro, velas brancas formava um pódio sobre o qual se viam fotografias em preto e branco dos atletas e treinadores israelenses que foram feitos reféns e depois mortos.

"Esse episódio não foi um ataque contra Israel, não foi um ataque contra os judeus. Foi um ataque contra todos nós. Contra o ideal olímpico, a visão de liberdade e paz para todos os seres humanos", disse Charlotte Knobloch, líder da comunidade judaica em Munique, claramente comovida durante o discurso.

Ankie Spitzer, viúva do técnico de esgrima Andre Spitzer; o ministro do Interior alemão, Hans-Peter Friedrich; e o vice-premiê israelense, Silvan Shalom, também compareceram ao tributo.

A celebração dos 40 anos da tragédia trouxe à tona novas questões sobre os terríveis eventos das Olimpíadas de Munique, que tinham como objetivo exibir uma nova face da Alemanha Ocidental quase 30 anos após a Segunda Guerra Mundial.


No dia 5 de setembro de 1972, um atirador invadiu o apartamento da equipe israelense na Vila Olímpica, matando dois atletas e fazendo outros nove de reféns em troca da libertação de 232 prisioneiros palestinos.

Uma confusa operação de resgate resultou na morte de todos os reféns, além de um policial alemão e cinco dos oito sequestradores.

A notícia instaurou uma onda de medo na Alemanha apenas 27 anos após o Holocausto e fez surgir uma richa profunda com Israel.

Henry Hershkovitz, que estava na equipe olímpica de tiro esportivo e já havia voltado ao estádio, afirmou nesta quarta-feira, segundo o jornal alemão Berliner Zeitung, que "éramos como uma família e grande parte dessa família foi morta".

Quarenta anos depois, o episódio ainda causa polêmica.

Na semana passada, Israel divulgou documentos oficiais sobre as mortes, incluindo duras e uma análise do antigo chefe da inteligência israelense, denunciando os serviços de segurança da Alemanha Ocidental.

A polícia "não fez um mínimo esforço para salvar vidas humanas", acusou o antigo chefe do Mossad Zvi Zamir após retornar de Munique na época.


Ele afirmou que os atiradores de elite da Alemanha foram equipados apenas com pistolas e que os responsáveis pela operação de resgate chegaram atrasados.

"Eles não tinham um plano, ou mesmo formas de improvisar uma alternativa", declarou.

Além disso, uma revista investigativa de Hamburgo Der Spiegel acusou em julho o governo e os organizadores das Olimpíadas de abafar erros.

De acordo com a publicação, meses antes do ataque, o ministro do Interior e a polícia do estado da Bavária alertaram em vão as autoridades federais sobre a possibilidade de "atos terroristas" nos Jogos.

A reportagem da Spiegel lembrou que a Vila Olímpica estava segura apenas por uma grade presa por uma corrente sem nenhum reforço policial.

O chefe de polícia de Munique temia que um amplo contingente policial pudesse trazer uma associação aos Jogos de 1936, em Berlim, presidos por Adolf Hitler.

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