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Alemanha investiga suposta espionagem suíça a inspetores do Fisco

A informação foi veiculada por meios de comunicação alemães que tiveram acesso à ordem de detenção contra um homem acusado de espionagem

Suíça: o governo alemão se mostrou convencido de que o caso não prejudicará as relações bilaterais com a Suíça (foto/Getty Images)

Suíça: o governo alemão se mostrou convencido de que o caso não prejudicará as relações bilaterais com a Suíça (foto/Getty Images)

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EFE

Publicado em 4 de maio de 2017 às 10h57.

Última atualização em 4 de maio de 2017 às 10h59.

Berlim - As autoridades da Alemanha suspeitam que o serviço secreto da Suíça espionou durante anos o Fisco alemão depois que fiscais do mesmo compraram dados de clientes alemães com contas em bancos suíços para combater a evasão de impostos.

Essa informação foi veiculada por meios de comunicação alemães que tiveram acesso a uma ordem de detenção contra um homem identificado como Daniel M. acusado de espionagem "para uma nação estrangeira".

A operação de espionagem foi ordenada, segundo o jornal "Süddeutsche Zeitung", pela cúpula do serviço secreto suíço como reação à compra de discos compactos (CD) por parte do Departamento de Fazenda do estado federado da Renânia do Norte-Westfalia (NRW).

Em 2010, esse estado federado comprou por 2,5 milhões de euros um CD com nomes e dados de clientes do banco Credite Suisse.

Essa operação tinha sido precedida por outra, com dados de bancos de Liechtenstein - que levou à condenação por evasão fiscal do então presidente do consórcio Deutsche Post Klaus Zumwinkel - e seria acompanhada por outras relacionadas com bancos suíços.

Daniel M., um ex-policial que trabalhava como detetive particular e assessor de segurança, foi contratado presumivelmente pelos serviço secreto suíço em 2012 com a missão de averiguar como trabalhavam os inspetores do Fisco alemão e os detalhes das operações que levaram à compra de CDs com informações bancárias.

Os suíços já tinham uma lista de inspetores de Fisco alemão, com seus dados pessoais, e parte do trabalho de Daniel M. era completá-la. Para isso, o detido recebeu presumivelmente ajuda de outro ex-policial que ainda não foi identificado.

A partir dessa lista, segundo coincidem o "Süddeutsche Zeitung" e os canais de televisão regionais "NDR" e "WDR", os suíços conseguiram identificar os inspetores que tinham participado da compra dos discos compactos, o que foi a base de várias ordens de prisão suíças contra agentes do Fisco alemão sob as acusações de espionagem econômica e violação do sigilo bancário.

Além disso, Daniel M. conseguiu infiltrar um colaborador no Fisco da Renânia do Norte-Westfalia, que ainda não foi identificado, e que deveria averiguar como tinha ocorrido em detalhe a operação de compra dos discos.

O propósito, segundo os suíços, era averiguar quem tinha sido o vendedor do primeiro CD com dados de clientes alemães do banco Credite Suisse, que permitiu que as autoridades alemãs pudessem comprovar que alguns bancos suíços colaboraram na evasão de impostos de contribuintes.

Essa descoberta aumentou a pressão sobre os bancos suíços e o governo do país para que este participasse no intercâmbio internacional de dados bancários.

A compra dos discos com dados bancários por parte das autoridades foi muito discutida na Alemanha, já que implica uma negociação com alguém que roubou informação e, por conseguinte, incorreu em um delito.

A norma aplicada até o momento é que as autoridades não devem buscar ativamente a compra dessas informações, mas podem comprá-las caso haja uma oferta.

O governo alemão se mostrou convencido de que o caso do suposto espião detido não prejudicará as "estreitas" relações bilaterais com a Suíça.

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