O diplomata americano se mostrou determinado a "impulsionar" formações conservadoras na Europa (Chip Somodevilla/Getty Images)
EFE
Publicado em 4 de junho de 2018 às 11h37.
Berlim - O Governo alemão convidou nesta segunda-feira o embaixador dos Estados Unidos, Richard Grenell, a dar "explicações" pelas declarações à plataforma populista Breitbart nas quais se comprometia a apoiar formações conservadoras europeias desde sua posição em Berlim.
"Pedimos uma explicação sobre se fez esta afirmação tal como foi divulgada", disse um porta-voz do Ministério alemão das Relações Exteriores, para acrescentar que o próprio Grenell terá chance de dar sua versão dos fatos na próxima quarta-feira, quando deve se apresentar perante esse departamento.
A reunião, a primeira de Grenell perante esse ministério como novo embaixador, deverá servir para "esclarecer convenientemente esta questão", acrescentou a fonte.
A origem da polêmica está em controversas declarações do diplomata a Breitbart, nas quais se mostrava determinado a "impulsionar" formações conservadoras na Europa e convencido de que o avanço destas se deve a um "fracasso dos conceitos esquerdistas".
Estas afirmações, nada de acordo com a esperada por um diplomata, foram interpretadas imediatamente em Berlim como um propósito de exercer ingerência política.
Na reunião da próxima quarta-feira, está previsto que se apresente formalmente como novo embaixador perante o diretor político do departamento de Relações Exteriores, Andreas Michaelis.
Grenell foi nomeado novo embaixador em maio e já então foi destacado nos veículos de imprensa alemães seu perfil abertamente conservador e sua proximidade ao populismo de direita.
Desde então manteve várias reuniões com destacados representantes da ala mais direitista da União Democrata-Cristã (CDU) de Angela Merkel, como o ministro de Saúde, Jens Spahn, considerado um rival interno da chanceler.
Imediatamente depois de assumir esse posto, Grenell já suscitou as primeiras críticas, ao pressionar as empresas alemãs a deixar seus negócios no Irã, depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a saída do país do acordo nuclear com Teerã.