Após o terremoto no Japão, Berlim e Suíça tomou assim uma decisão destinada a tranquilizar seus cidadãos (Miguel Villagran/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 14 de março de 2011 às 20h01.
Bruxelas - Alemanha e Suíça foram os primeiros países europeus a suspender temporariamente projetos nucleares como medida preventiva, após as explosões registradas em uma central japonesa, o que abriu nesta segunda-feira um debate no continente sobre a necessidade de se reforçar a segurança.
A chanceler alemã Angela Merkel anunciou uma moratória de três meses na decisão já adotada por seu governo de prolongar a vida das centrais nucleares do país.
O que acontece no Japão, onde as autoridades tentam por todos os meios evitar uma catástrofe nuclear na central de Fukushima, danificada pelo terremoto de sexta-feira, "muda a situação e na Alemanha, também", afirmou Merkel.
"Não podemos fazer como se nada tivesse acontecido", e "digo isso muito claramente: não há tabu algum no que diz respeito à análise das condições de segurança", insistiu a chanceler.
Berlim tomou assim uma decisão destinada a tranquilizar seus cidadãos e se somou à Suíça, país que não faz parte da União Europeia (UE), que suspendeu seus projetos de reforma das centrais, à espera de "normas de segurança mais estritas".
As repetidas explosões e as falhas de vários reatores da central nuclear de Fukushima 1 do Japão, avariada pelo sismo e pelo posterior tsunami que assolou o país na sexta-feira, alimentou nesta segunda-feira o temor de um desastre atômico na Europa, onde existem cerca de 150 reatores.
Com o propósito de "obter informações em primeira mão sobre planos de urgência e sobre as medidas de segurança" atuais no Velho Continente, a Comissão Europeia convocou para terça-feira uma reunião de urgência em Bruxelas.
Os ministros europeus da Energia e do Meio Ambiente, assim como as autoridades nacionais de segurança nuclear e dirigentes das grandes companhias do setor, participarão dessa reunião.
"O que acontece no Japão é claramente um acidente nuclear muito grave e o risco de uma grande catástrofe não pode ser descartado", admitiu a ministra francesa do Meio Ambiente, Nathalie Kosciusko-Morizet, cujo país cobre 75% de suas necessidades energéticas com suas centrais, em uma reunião em Bruxelas.
"Queremos o nível de segurança o mais elevado possível" e "determinar se a energia nuclear é ou não controlável", ressaltou a ministra, que considerou também que não é o momento de se precipitar.
Sem minimizar a "importância do debate sobre a segurança", Elena Salgado, vice-presidente do governo espanhol, pediu que seja mantida uma "perspectiva global" e lembrou que as centrais no Japão, "até o momento, estão resistindo graças às medidas de proteção".
Mas a Áustria, que se opõe à energia nuclear, lançou uma advertência ao restante dos europeus: "Queremos segurança máxima para a nossa população e todos os nossos vizinhos devem poder garantir a das suas", declarou o ministro do Meio Ambiente, Nikolaus Berlakovitch.
"Queremos controles de resistência em todas as centrais nucleares da Europa e que sejam feitos rapidamente", afirmou o austríaco.
"A catástrofe no Japão suscita muitas preocupações", ressaltou sua colega italiana, Stefania Prestigiacomo.
"Desejamos entrar no sistema nuclear da UE, mas esperamos informações sobre a situação das centrais," indicou Prestigiacomo, cujo país abandonou este tipo de energia em 1987.
A maioria dos países da UE tem centrais nucleares, principalmente a França (19 centras e 58 reatores), a Grã-Bretanha (9 e 19), a Alemanha (12 e 17), a Suécia (7 e 16) e a Espanha (6 e 9).