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Alemanha deve "lutar pela Europa", diz social-democrata

Líder dos sociais-democratas alemães apresentou uma defesa firme aos resgates europeus a países em crise

Sigmar Gabriel: "não nos esqueçamos de que a Europa não é um ônus para a Alemanha, não é um peso nos nossos ombros, pelo contrário" (Fabrizio Bensch/Reuters)

Sigmar Gabriel: "não nos esqueçamos de que a Europa não é um ônus para a Alemanha, não é um peso nos nossos ombros, pelo contrário" (Fabrizio Bensch/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 18 de outubro de 2013 às 09h36.

Berlim - Em seu primeiro discurso desde que aceitou discutir a formação de uma coalizão com os conservadores da chanceler Angela Merkel, o líder dos sociais-democratas alemães apresentou uma defesa firme aos resgates europeus a países em crise, dizendo que o sucesso da Alemanha depende dos seus vizinhos.

Falando a sindicalistas em Hanover, no oeste do país, o presidente do SPD, Sigmar Gabriel, disse também que seu partido pressionará por medidas mais ousadas para estimular o crescimento, e que o desemprego juvenil é "a maior desgraça" da Europa.

"Não nos esqueçamos de que a Europa não é um ônus para a Alemanha, não é um peso nos nossos ombros, pelo contrário. Nosso futuro econômico depende do futuro da Europa", disse Gabriel.

"Não estamos ajudando os outros países só porque somos boas pessoas, porque queremos aplacar nossa consciência e sermos legais. Também estamos ajudando porque serve aos nossos interesses. Precisamos estabilizar a Europa, porque do contrário o desemprego e os problemas de crescimento vão se espalhar para o nosso país." Os comentários de Gabriel, que deve se tornar vice-chanceler (vice-premiê) e assumir um ministério importante sob o comando de Merkel, indicam que uma eventual "grande coalizão" reunindo os principais partidos rivais da Alemanha deverá adotar um tom mais brando e conciliador em relação a países em dificuldades no sul da zona do euro, como Grécia e Portugal.

Durante a campanha eleitoral, o SPD, de centro-esquerda, acusou Merkel de não defender adequadamente os resgates financeiros junto ao público europeu, e de defender exageradamente a adoção de medidas de austeridade nos países em apuros, à custa de empregos e de crescimento.

Alguns países europeus, inclusive a França, esperam que a entrada do SPD no governo de Merkel contribua para alterar as políticas alemãs em relação à Europa, mas qualquer mudança deve ser mais retórica do que substancial.


No ano passado, o SPD abandonou discretamente seu apoio à emissão de títulos conjuntos para a zona do euro, aproximando-se assim da posição de Merkel. Como a chanceler, o partido da oposição é contra a contração de dívidas para estimular as economias do sul da Europa, e em geral apoia a exigência de reformas como contrapartida para a ajuda financeira.

Gabriel disse em seu discurso que a Alemanha deve "lutar pela Europa", e observou que 40 por cento das exportações alemãs vão para países da zona do euro, e 60 por cento para a União Europeia como um todo.

"Como ficaria nosso país, nossa indústria, nossos índices de desemprego se não fosse esse o caso, se a Europa, principal destino dos produtos alemães, fosse colocada de joelhos?".

Nas discussões sobre a coalizão, que devem começar na quarta-feira e podem durar mais de um mês, Gabriel disse que o SPD vai defender uma regulamentação bancária mais rigorosa e uma maior contribuição do setor financeiro para os custos da crise europeia.

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