Ataque: a investigação não permitiu, até o momento, estabelecer provas do envolvimento (Kai Pfaffenbach Livepic/Reuters)
AFP
Publicado em 13 de abril de 2017 às 09h25.
As autoridades alemãs descartaram nesta quinta-feira o envolvimento de seu principal suspeito no atentado contra o ônibus da equipe de futebol Borussia Dortmund e devem agora esclarecer inúmeras áreas cinzentas sobre o ocorrido.
"A investigação não permitiu, até o momento, estabelecer provas de que o suspeito esteve envolvido no atentado", declarou a Procuradoria Federal em um comunicado.
A Procuradoria solicitou a detenção do iraquiano de 26 anos detido na quarta-feira por "pertencer ao grupo Estado Islâmico" durante um período em que passou no Iraque.
Os investigadores imediatamente se orientaram para a pista islamita após o ataque contra o ônibus, que fez dois feridos na terça-feira à noite pouco antes de uma partida da Liga dos Campeões.
A investigação se concentrou em dois suspeitos, cujos apartamentos foram revistados.
O jornal Bild afirmou nesta quinta-feira que o jovem iraquiano, monitorado pela polícia há tempos, teria tido conversas "suspeitas" por telefone, sugerindo quepoderia esconder explosivos em sua casa.
Os investigadores, no entanto, têm sido cautelosos desde o início, especialmente porque vários casos semelhantes resultaram na rápida prisão de suspeitos que por fim acabaram liberados.
Na terça-feira, às 19H15 locais, três cargas explodiram quando passava o ônibus que levava os jogadores do Dortmund para o estádio da cidade para disputar a partida das quartas de final da Liga dos Campeões contra o Monaco.
"Pode se tratar de extremistas de esquerda, de extremistas de direita, de torcedores violentos ou islamitas", disse o ministro do Interior do estado da Renânia do Norte-Westfália, no oeste da Alemanha, Ralf Jäger.
De acordo com o Bild, dois militantes políticos também são alvos de investigações.
A polícia passou a investigar a pista terrorista em razão da descoberta no local do ataque, em três cópias, uma carta redigida "em nome de Alá".
e reivindicação encontrada no local do ataque fala do grupo Estado Islâmico (EI) "e pode ser autêntica ou uma tentativa de criar pistas falsas".
O texto apela à Alemanha para parar de participar com seus caças Tornados na luta da coalizão internacional contra o grupo Estado Islâmico na Síria, caso contrário, novos ataques serão cometidos.
Mas a sua autenticidade está sendo verificada pela Procuradoria Federal.
"Em si mesma, a carta é incomum", apontou o jornal Die Welt, ressaltando que o grupo jihadista costuma reivindicar suas ações por vídeo ou comunicados.
Além disso, no texto encontrado em Dortmund não há "logotipo ou bandeira do EI", ou qualquer assinatura ou referência religiosa.
Em contrapartida, a natureza "terrorista" do ato não levanta qualquer dúvida.
Os três explosivos detonados, que feriram o zagueiro espanhol Marc Bartra e um policial, tinham uma "força explosiva" de 100 metros.
Eles continham "hastes metálicas", uma das quais terminou fincada no encosto de um assento dentro do ônibus, segundo a polícia, sugerindo que o número de vítimas poderia ter sido maior.
Adiada em quase 24 horas, a partida da Liga dos Campeões entre Dortmund e Monaco foi disputada sob forte esquema de segurança na quarta-feira.
Visivelmente abalada, a equipe alemã perdeu por 3 a 2, e seu treinador Thomas Tuchel criticou a decisão da UEFA de ter feito o seu time jogar apenas um dia depois do ataque.
"Nós nos sentimos ignorados (...) Poucos minutos depois do ataque, fomos informados que deveríamos jogar, como se tivessem lançado uma lata de cerveja contra o ônibus", acusou.
A presença da polícia foi reforçada na cidade e ao redor do estádio, bem como em Munique (sul), onde foi realizada na quarta-feira, sem incidentes, outra partida da Liga dos Campeões, entre o Bayern e o Real Madrid, vencida por 2 a 1 pelos espanhóis.