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Alemanha convoca embaixador turco e exige libertação de ativistas

A detenção de seis ativistas dos direitos humanos, dentre os quais está um alemão, foi considerada "inaceitável" pelo país

Turquia: foi transmitida ao embaixador turco a "indignação e incompreensão" do governo da Alemanha (Bulent Kilic/Getty Images)

Turquia: foi transmitida ao embaixador turco a "indignação e incompreensão" do governo da Alemanha (Bulent Kilic/Getty Images)

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EFE

Publicado em 19 de julho de 2017 às 11h12.

Berlim - O Ministério de Relações Exteriores da Alemanha convocou nesta quarta-feira o embaixador turco em Berlim para expressar a "indignação" pela prisão de seis ativistas dos direitos humanos na Turquia, entre eles um alemão, e pedir a sua libertação "imediata".

Em coletiva de imprensa, o porta-voz da pasta, Martin Schäfer, explicou que o ministro Sigmar Gabriel decidiu interromper as férias e estará na quinta-feira em Berlim para analisar as medidas que podem ser adotadas perante a "dramática situação criada".

Entre estas medidas está contemplada a revisão das ajudas europeias à Turquia como país candidato à adesão à União Europeia, questão que pode ser abordada pela Comissão Europeia (CE) ainda neste ano.

Essas ajudas estão vinculadas aos "progressos do país em matéria de desenvolvimento democrático", lembrou o porta-voz, o que, segundo a evolução da Turquia dos últimos meses, não vem ocorrendo, acrescentou.

O porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, desvinculou desta possível revisão o acordo assinado entre UE e Turquia em matéria de refugiados, com o argumento de que esses fundos são destinados para projetos voltados a "melhorar as condições de vida e amparo" dos solicitantes de asilo nesse país.

Foi transmitida ao embaixador turco a "indignação e incompreensão" do governo da Alemanha pela inaceitável "detenção dos ativistas, entre eles o alemão Peter Steudtner e a diretora do braço turco da Anistia Internacional, Idil Eser, sob a "descabida" acusação de que são vinculados a organizações terroristas.

"É uma situação séria e triste nas relações entre Alemanha e Turqui", manifestou, em nome da chanceler Angela Merkel, seu porta-voz, Seibert.

Os ativistas encarcerados - quatro turcos, um alemão e um sueco - participavam de um seminário normal em uma democracia e acusá-los de atividades terroristas é "totalmente injustificado, uma tentativa diáfana de desacreditar e criminalizar quem pensa diferente", apontou o porta-voz.

De acordo com Seibert, Merkel está em permanente contato com seu ministro de Relações Exteriores para estudar medidas e o governo alemão considera "correto" que a Comissão Europeia revise, "em meio aos últimos eventos", as ajudas europeias.

Segundo explicou, foi decidido que entre 2014 e 2020 a Turquia receberia 4,45 bilhões de euros para que se preparasse para uma hipotética adesão, mas até o momento apenas uma pequena parte foi transferida.

Na opinião de Berlim, cabe questionar se nas atuais circunstâncias essa ajuda, destinada a reforçar a democracia, o Estado de direito, o crescimento e a competitividade da Turquia, deve continuar.

O porta-voz das Relações Exteriores assegurou que o ministro revisará na quinta-feira "toda a carteira" das relações da Turquia com a União Europeia perante a "dramática piora" da atitude de Ancara.

Segundo explicou, o embaixador turco se comprometeu a repassar a mensagem de Berlim de forma imediata ao seu governo.

A detenção dos ativistas gerou outra crise nas tensas relações entre Turquia e Alemanha, onde residem cerca de três milhões de cidadãos de origem turca.

Com o encarceramento de Steudtner são nove os alemães - quatro deles também com nacionalidade turca - que estão presos na Turquia acusados de propaganda terrorista ou de estarem vinculados com a fracassada tentativa de golpe de Estado que ocorreu no país no ano passado.

O caso de maior destaque é o do correspondente do jornal alemão "Die Welt", Deniz Yücel, detido em fevereiro em Istambul.

Na semana passada, Ancara também negou a permissão para um grupo de deputados alemães que planejava visitar as tropas do país na base da Otan de Konya.

Esta recusa segue a decisão adotada no mês passado pelo governo de Merkel de retirar seus soldados da base turca de Incirlik, de onde apoiam a coalizão internacional contra o grupo Estado Islâmico (EI), em reação ao veto da Turquia às visitas de deputados alemães.

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