Angela Merkel e Barack Obama: documento reflete o ressentimento em Berlim com a resposta norte-americana a alegações de espionagem (Kevin Lamarque/Reuters)
Da Redação
Publicado em 19 de novembro de 2013 às 17h48.
Berlim - A Alemanha está buscando compromissos "credíveis e verificáveis" dos Estados Unidos para garantir a privacidade de cidadãos alemães, segundo um esboço de documento de coalizão que reflete o ressentimento em Berlim com a resposta norte-americana a alegações de espionagem.
O documento, produzido por um grupo de trabalho de questões externas que vem negociando um plano político para um novo governo alemão, reafirma o compromisso de Berlim com um pacto de livre-comércio entre os EUA e a UE, descrevendo-o como um "projeto vital".
Mas também deixa claro que a confiança entre os aliados pós-guerra precisa ser restaurada depois das revelações de que os Estados Unidos podem ter grampeado o celular da chanceler alemã, Angela Merkel.
Merkel tocou na questão em um discurso ao Bundestag, a câmara baixa do parlamento, na segunda-feira, dizendo que a espionagem norte-americana tinha posto "à prova" as relações transatlânticas e o acordo de comércio.
"Naquelas áreas em que a confiança foi posta em dúvida, deve ser restabelecida", diz o documento, que deve formar parte de um contrato de coalizão entre os conservadores de Merkel e o Social Democrata (SPD), de centro-esquerda.
"Nesse aspecto, esperamos um claro compromisso e medidas correspondentes do governo norte-americano. Queremos definir melhor as regras de comportamento entre os parceiros, e estamos buscando acordos credíveis e verificáveis a fim de proteger a privacidade de nossos cidadãos".
Autoridades da área de inteligência alemã viajaram para Washington para discutir como remodelar a cooperação entre os países.
Autoridades norte-americanas, pedindo anonimato, disseram à Reuters que os EUA podem estar prontos para concordar com algum tipo de promessa - pública ou privada - de não se engajar em espionagem industrial ou comercial contra alvos alemães. Mas exigências alemãs para um "acordo de não espionagem" mais amplo não devem ser atendidas.