Mossack Fonseca: os bancos alemães, segundo essa investigação, criaram ou administraram para seus clientes mais de 1,2 mil empresas fantasmas (Carlos Jasso / Reuters)
Da Redação
Publicado em 5 de abril de 2016 às 12h32.
Berlim - O ministro alemão de Justiça, Heiko Maas, insistiu nesta terça-feira que é preciso melhorar a legislação contra a lavagem de dinheiro e alertou aos bancos que "ninguém deve acreditar que pode escapar permanentemente da lei e dos investigadores nacionais".
A advertência de Maas foi feita após as últimas revelações dos Panama Papers, nos quais, segundo o jornal "Süddeutscher Zeitung", se constata que pelo menos 28 bancos alemães recorreram aos serviços do escritório panamenho Mossack Fonseca.
Os bancos alemães, segundo essa investigação, criaram ou administraram para seus clientes mais de 1,2 mil empresas fantasmas.
O titular de Justiça garantiu que qualquer alemão envolvido em atividade ilegal deverá responder aos tribunais e propôs a criação de um "registro de transparência" para os proprietários de todas as empresas fantasmas, mas reconheceu que a medida só poderá ser aplicada no território nacional.
Na opinião de Maas, é necessário acabar com a obscuridade das sociedades fantasmas e contar com mais transparência para lutar contra a sonegação e também contra o financiamento do terrorismo.
A promotoria de Munique informou hoje que estuda a informação publicada pelo "Süddeutsche Zeitung" sobre as relações da empresa Siemens e do BayernLB, o banco público do estado federado da Baviera, com o escritório panamenho para analisar se deve abrir uma investigação perante a existência de um possível crime.
A justiça trabalha sobre as informações jornalísticas e deve entrar em contato com o jornal que está publicando os Panama Papers na Alemanha após ter acesso a milhões de documentos do escritório Mossack Fonseca.
O "Süddeutsche Zeitung" descartou ontem a possibilidade de repassar essa documentação às autoridades.
"Não somos o braço da promotoria, somos jornalistas", afirmou o repórter Frederik Obermaier, convencido de que as autoridades têm instrumentos suficientes para perseguir as práticas reveladas por veículos de imprensa internacionais coordenados no Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, sigla em inglês).