Angela Merkel pediu mais estudos sobre a segurança das usinas no país (Sean Gallup/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 14 de março de 2011 às 13h40.
Berlim - A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, anunciou nesta quinta-feira a suspensão, por três meses, da decisão de prolongar a vida útil das usinas nucleares do país, poucos dias após o acidente na central japonesa de Fukushima, decorrente do terremoto seguido de tsunami que atingiu o Japão na última sexta.
Merkel disse que a catástrofe atômica no Japão obriga a Alemanha a replanejar a segurança das usinas nucleares locais.
A chanceler ressaltou que seu Governo determinou, no último sábado, a elaboração de um estudo sobre a segurança dos 17 reatores nucleares em funcionamento na Alemanha para evitar possíveis acidentes.
"Não haverá tabu algum nesta verificação da segurança", declarou a chanceler em discurso à imprensa, acompanhada do vice-chanceler e titular de Exteriores, Guido Westerwelle.
"Nem o fornecimento de energia nem as finanças do Estado serão afetados pela moratória", garantiu Westerwelle, depois de a chanceler comentar que a possível interrupção de uma usina nuclear não representaria problema algum para a Alemanha, já que é um país exportador de energia.
A moratória deixa em suspenso a lei para o prolongamento da vida útil das usinas nucleares e contempla o fechamento da última usina em 2034. Segundo a chanceler, essa suspensão não requer uma reforma legal.
Angela Merkel comentou que seu Governo abordará o tema diretamente com as empresas responsáveis pelas usinas nucleares na Alemanha e com os chefes do Governo dos estados federados onde se localizam as centrais atômicas.
A chanceler pediu um "debate sincero" sobre o futuro da energia e afirmou que, embora o objetivo seja "alcançar o mais rápido possível a era das renováveis", a revisão da política energética não deve de maneira alguma levar à dependência externa de energia.
Em 2000, o Governo de coalizão entre social-democratas e verdes, liderado pelo chanceler Gerhard Schröder, pactuou com a indústria o fechamento paulatino das então 19 usinas nucleares, das quais duas já foram fechadas.
De acordo com esse pacto, a última das 17 centrais nucleares alemãs deveria ser desativada em 2021.
O atual Governo de centro-direita de Merkel havia derrogado esse acordo e aprovado o aumento da vida útil das usinas a uma média de 12 anos, oito para as mais antigas e 14 anos para as mais modernas.